CAPÍTULO XLI
À distância de 4 anos daquela erudita trapalhada, como estamos de água?
Numa região de tantos profetas, é fácil fazer anúncios e as pessoas acabam por se habituar. Já não acreditam. Redução dos preços da água?
Fantasias, festas, festivais e fogo de artifício. Festas sim, baixa de preços não! Foi exatamente o que aconteceu. Um forte calendário festivaleiro, nenhum dos cinco municípios falhou. Foram dias e dias a fio de barulhentos concertos, fogos de artifício, comida e cerveja a rodos a correr nas torneiras.
Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, diz a sabedoria popular.
Claro que todos gostamos de festas, não há ninguém que não goste que façam festas, sejam elas quando for ou onde for. Mas … e a água?
Recorda-se a promessa: “trocar” a descida no preço do consumo doméstico pela subida do preço para os organismos públicos.
Vejamos o desenrolar da peripécia:
Como uma má notícia nunca vem só, em setembro, nova subida: 11 cts. na TD, 2 cts., 3 cts. e 20 cts., respetivamente nos 1.º, 2.º e 3.º escalões. Era a recuperação daquele período de carência, quem sabe devido aos efeitos da descoberta do segredo do negócio.
Como o tempo é precioso, vamos abreviar as etapas – estamos em maio de 2025 e já vamos no 2.º aumento do ano.
Desde 2022 para agora, a TD subiu 1,55 € / mês, o 1.º escalão subiu 0,16 €/m3, o 2.º escalão subiu 0,38 €/m3 e o 3.º escalão subiu 0,53 €/m3.
O anunciado milagre aconteceu, mas ao contrário, como é normal nestes tempos modernos – se não se transforma a água em vinho, que se transforme o vinho em água. Sempre sai mais barata!
Parece pouco, mas não é. Feitas as contas, em menos de 2 anos e meio (dezembro de 2022 e maio de 2025), o preço de cada metro cúbico dos 1.º e 2.º escalões subiu 22%, o 3.º escalão e a taxa de disponibilidade subiram 24%.
Se tivermos em conta os dados da inflação, entre 2023 e 2024, que foi cerca de 8%, agora compare-se! A água subiu o triplo. Enganados, mas felizes!
Se não há descida de preço para os domésticos, deveria manter-se o preço para o público. Será que foi assim? Não, não foi. Neste caso, promessa foi mesmo cumprida.
Como consta no sítio devido, para as câmaras municipais e para as juntas de freguesia, as contas são fáceis de fazer – o valor de 0,70 € rapidamente se multiplicou por 4 (até mais um pouquinho) e é agora de 2,8817/ m3. Um aumento de 412% (quatrocentos e doze por cento).
Lembram-se quem paga? Isso mesmo, o Estado.
E lembram-se quem é o Estado? Certo, somos todos nós! Se já estava mal, pior ficou – pagamos alta a nossa fatura e pagamos a dos serviços públicos, sempre a subir, sempre a multiplicar.
Meter água é muito fácil, sobretudo quando são os outros a pagar – NÓS! …
(CONTINUA)