Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XL)

Para nós a água é vida, para eles é um negócio. Para nós a água é essência, para eles é política. Para nós a água é pureza, para eles é o ego.  Para nós a água purifica, para eles é o clímax do poder. Com a água tomamos banho, eles lavam as mãos – tal como nos filmes da Quaresma …

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  • 11:26 | Quinta-feira, 15 de Maio de 2025
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CAPÍTULO XL

A numeração deste capítulo é sugestiva – XL – tamanho para adultos! Preços grandes, tamanho XL, para pagar as brincadeiras deles, dos adultos que se divertiram à nossa custa, que esbanjaram uma fortuna em brinquedos caros, mas de encher a vista.

Enquanto esperamos por novos desenvolvimentos, na ilusão, digo, na esperança que se faça alguma justiça, voltamos ao assunto que nos trouxe até aqui.


Porque será que a água é tão importante?

Para nós a água é vida, para eles é um negócio. Para nós a água é essência, para eles é política. Para nós a água é pureza, para eles é o ego.  Para nós a água purifica, para eles é o clímax do poder. Com a água tomamos banho, eles lavam as mãos – tal como nos filmes da Quaresma …

Nas nossas costas, negociaram os tais 22 milhões e 250 mil euros, lembram-se? Onde o gastaram? Vimos que 7,5 milhões foram igualmente repartidos pelos 5 magníficos, perdão, municípios, que devem ter servido para muitas obras de encher a vista, em ano de eleições – tapar buracos, pavimentar coisas, abrir buracos e voltar a tapar buracos, enterrar canos, abrir torneiras e fechar torneiras. Quanto aos preços, caladinhos que nem ratos. Só no início de 2010, depois da tomada de posse.

Os outros, quase 15 milhões, também devem ter sido gastos, como manda a tradição, quem sabe se nas mesmas coisas, ou não! Nunca ninguém explicou, ninguém quis explicar.

Fiquemos com uma certeza – não foi para nos matar a sede que nos venderam ao desbarato.

Se em 2008 era assim, que se preservem os cânones, servirão para gerações vindouras.

Em 2021, a meses do ato eleitoral, numa sala perfumada de imitações autênticas, à volta de um távola mais moderna que a do Rei Artur e unidos em jeito de “brain storming”, dos rostos corados brotavam sinais do hercúleo esforço. De repente, saltou-lhes a tampa e, em uníssono, balbuciaram como quem não quer a coisa, quase em segredo:

– “Vamos baixar a água”!

O porta-voz acrescentou: – Façamos assim, vamos baixar 2 ou 3 cêntimos o preço da água do 2.º, ou talvez do 1.º escalão. O importante é anunciar que irá baixar.

– E a concessionária aceita? Questionou o mais sensato.

– Bem, é assim – vai ter uma contrapartida. Em segredo, nós câmaras, elas juntas de freguesia, escolas e similares pagarão a diferença.

– Mas como assim?

– Muito simples, os serviços públicos, que pagam a água a 7 cêntimos / m3, passarão a pagar pelo 3.º escalão, 3 vezes e tal mais cara, a preços agora.

– E de onde vem o dinheiro?

– Ora, do Estado, o Costa tem os cofres cheios.

– Mas esse dinheiro do Estado não é do povo?

–  E depois? O povo que se lixe. Se for do Estado, o povo quer lá saber …

Num comprometedor silêncio, levantaram-se e ouviram o chefe alvitrar:

– Agora, cada um faça o seu trabalho, anuncie a boa nova nos seus locais de culto, os eleitores vão gostar.

-E será que não desconfiam?

– Claro que não, o povo quer é festas. Tu, fazes em junho, por causa do clima; tu em meados de julho, como é tradição; tu, mais a sul, fazes festas na primeira quinzena de agosto e tu na terceira semana, quando o pessoal vem da praia. Eu ando sempre em festas, não posso perder tempo, tenho de encomendar várias, começo em maio e acabo em setembro, nas vésperas das eleições.

Vai acima, vai abaixo, vai ao centro e bota abaixo…

 

 

(CONTINUA)

 

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