Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (LV)

... E foi por isso que os outros quatro autarcas, presidentes das câmara municipais de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Tábua, se sentiram incomodados com a audácia expressa no tal comunicado, que atribuía à presidente de Tondela a hercúlea maternidade da encenação, digo, da odisseia, erguendo um perfeito disparate e uma indecente falta de respeito institucional.

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  • 10:53 | Quinta-feira, 05 de Junho de 2025
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CAPÍTULO LV

 

A hipocrisia não tem mérito, apenas presunção!


Responder é fácil, quando temos respostas. Não dar respostas, há quem lhe chame “politicamente correto”, a mais poética das hipocrisias, sem mérito!

As nossas perguntas têm mesmo respostas, mas já que ninguém as quer dar, seremos nós.

Ninguém do PSD integrou o MUAP, embora não fosse condição necessária para se juntarem às suas causas. Verdade que, dos vários quadrantes partidários, desde o CDS até à CDU, passando pelo PS, BE e gente independente, muitos se interessaram, mas ninguém do PSD, pesem todas as juras de amor à água. Mas nada, nada de nada! Nem em ações de esclarecimento, de intervenção cívica ou outras iniciativas de qualquer espécie. Pelo contrário, sempre se opuseram, em modo feroz, a guardar o território que consideram deles. Para o PSD, os mentores do negócio foram elevados a deuses que ninguém se atreveria beliscar, não fossem eles acordar estremunhados, estragando-lhes a sabedoria ou o amor à própria causa, a causa deles e por causa deles.

Quem não se sente, não é boa gente – como diz o ditado. E foi por isso que os outros quatro autarcas, presidentes das câmara municipais de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Tábua, se sentiram incomodados com a audácia expressa no tal comunicado, que atribuía à presidente de Tondela a hercúlea maternidade da encenação, digo, da odisseia, erguendo um perfeito disparate e uma indecente falta de respeito institucional.

Não basta estar, é preciso saber estar! E que não se desculpe, porque se apressou a partilhá-lo, tão empertigada que ficou por causa do seu ego agigantado.

E quanto à AINTAR – a Associação de Municípios para o Sistema Intermunicipal de Águas Residuais, como é? Do ponto de vista do utilizador, como já dissemos, muito mudou, menos o que podia ser mudado, mas que continua na mesma – particularmente em Tondela, o território que melhor conhecemos, que contribui com 40% dos 28 mil clientes, produz cerca de 40% do caudal a tratamento e abrange quase metade da área geográfica dos quatro municípios. E porque nem disto a senhora quer falar? Simplesmente, porque fez um mau trabalho, porque se empenhou demasiado na aprovação dos Estatutos e na construção da estrutura tarifária de que se devia(m) envergonhar. Ou dirá que não?

Já percebemos que a água, o consumo de água, influencia diretamente o preço que pagamos pelo saneamento. Será justo? Vamos analisar:

1 – A Águas do Planalto distribui (vende) anualmente, entre 3,5 e 4 milhões de metros cúbicos de água.

2 – As estruturas da AINTAR processam anualmente cerca de 1,9 milhões de metros cúbicos de águas residuais.

3 – Sabe-se que, pelo menos em Tondela, parte da rede de esgotos serve de escoamento às águas pluviais, o que aumenta o caudal e isso não é de nossa (dos consumidores) responsabilidade.

4 – Retirando um valor estimado de consumo de água no concelho de Mortágua, que não “embarcou” na AINTAR, em números redondos, estaremos a falar num processamento pelas etar’s de menos de 50% da água vendida pela Águas do Planalto (menos de metade).

Como, um dia, disse António Guterres, a propósito do PIB – “agora, é só fazer as contas” …

Como ninguém as quis fazer, façamo-las nós, mas precisamos de algum tempo para mudar as pilhas, com a promessa de sermos breves…

 

(CONTINUA)

 

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