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Joaquim Santos
CAPÍTULO LII
Muito bem, senhora presidente, cá estamos de novo. É sempre bom saber que repousou e está de baterias carregadas para uma semana de intenso trabalho, de muitos protocolos e deslocações às mais icónicas capelas da região.
Decerto estará recordada da “subtileza” e dos sapatos da prima do estrangeiro, de cor amarela viva, muito mais bonita que a dos habituais semáforos. E com rodas, até parecem patins.
Mas há sempre uns chatos inconvenientes. Por isso, como nunca se sabe se amanhã choverá muito ou pouco, o tempo anda tresloucado e porque uma mulher prevenida vale por um homem também prevenido, após consulta a todas as sapatarias da cidade, deixamos-lhe duas sugestões – umas botas de cano alto, se chover intensamente, ou um formato mais delicado e feminino, para o caso de chuvas torrenciais, permitindo-lhe uma locomoção mais elegante e rápida nas deslocações de maior alcance, nos diversos leitos da nossa rede hidrográfica. Ambos os modelos são adaptados ao seu pé, evitando qualquer tipo de calosidades, quer por aperto, quer por folgas em demasia.
Agora, no conforto do seu recanto, permita fazer-lhe duas ou três perguntas, com a oportunidade de exorcizar o seu ego, como fez questão ao partilhar essa conspiração de autor, chamemos-lhe assim.
Está preparada? Então lá vai:
Primeira pergunta, duas em uma:
– De entre os cinco atuais presidentes de câmara da região da Águas do Planalto, a senhora é a única que integrava um executivo municipal em 2009. Em 2010, sentidas as consequências daquele ruinoso, constituiu-se o MUAP, um movimento informal para lutar pelos interesses dos consumidores de uma das 4 águas mais caras do país.
Diga, por favor:
a) Sabia que o MUAP juntou gente, simpatizante ou militante, dos principais partidos políticos como o PS, CDS, BE e PCP, e nem um do PSD?
b) Lembra-se da posição que os presidentes de junta, os membros da assembleia municipal de Tondela e os membros do executivo municipal, que eram do seu partido, onde estava incluída, tomaram?
Segunda pergunta:
– Tem noção do desconforto dos seus pares, os outros quatro edis que compõem o Conselho Executivo do Planalto Beirão, quando partilhou o comunicado que lhe encheu o ego, uma falta de ética e desrespeito institucionais, capaz de envergonhar o próprio Judas? Foi isso que aprendeu naquilo do seu governo, “A água que une”?
– Terceira pergunta:
– Considerada “a maior da cantareira” como cantava e canta Rui Veloso, qual é a sua responsabilidade na aprovação dos Estatutos da AINTAR e nestas escandalosas taxas de saneamento atualmente em vigor? Lembra-se ou é preciso replicar as atas?
Provavelmente, não será capaz de responder, acontece sempre a quem calça os sapatos da prima. Mas deixe lá, não seja por isso que o povo ficará sem saber …
(CONTINUA)
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