“Secretly”… BARRELAS SUMMER FEST…

É pouco Viseu Marca, é muito pouco. Uma feira secular, uns eventos de enologia e umas animações deprimentes, recorrentes e sem imaginação nas datas festivas não só não orgulham a cidade de Viseu e os seus habitantes como nos envergonham quando recebemos quem nos visita. Um site que é uma vergonha e uma missão/quem somos, descrita como uma Associação de marketing territorial e de branding de Viseu. Poupem-nos e poupem os nossos impostos…

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  • 9:26 | Terça-feira, 03 de Junho de 2025
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Foi nesta Segunda-feira que o “Barrelas Summer Fest” jogou a sua cartada mais forte com o anúncio da banda de rock Britânica, Skunk Anansie.

Espera-se agora o anúncio do cabeça de cartaz do “Mateus Fest”.

A polémica sobre a sobreposição de datas do Barrelas Summer Fest e o Mateus Fest revelou e abriu ainda mais as clivagens incompreensíveis entre os organismos locais e os responsáveis pela dinamização cultural da nossa região. Mas vamos então colocar a questão. Existe ou não razão para a polémica e para uma das partes acusar a outra de tentativa de monopolização e destruição das iniciativas culturais dos concelhos vizinhos?


O interior deveria unificar esforços numa luta cada vez mais desigual entre o litoral e o interior para aceder a investimento, tornar mais atrativo um território que tem vindo, sucessivamente, a ser esquecido pelos governos que têm passado pelo poder nos últimos anos. Assim, a Viseu Marca decide de uma forma autista fazer coincidir a data de um evento a realizar no centro de Viseu com outro a realizar a sensivelmente 30 Km num espaço marcadamente rural e fustigado pelo desinvestimento do poder central. Será que não tinha alternativa?

Algo notório é a total ausência de diálogo entre as partes, partes estas que partilham e trabalham em conjunto (pensa o eleitor) em variados organismos de gestão e desenvolvimento local. Desta ausência de diálogo ressalta que “o mais forte”, “o mais populacional”, “o mais representativo” comporta-se com o estilo “orgulhosamente só” mostrando o seu isolamento e indiferença para com os seus pares.

Quando atos irrefletidos (ou será que são refletidos), como uma simples decisão, de agendamento de um festival de música, implicam de forma vinculatória a capacidade do interior do país se reinventar, está tudo dito. Onde está esta dinâmica de agendamento da cidade de Viseu com a procura de datas das digressões internacionais de artistas de renome durante o resto do ano? Onde está a preocupação por “semear” cultura nas pessoas de Viseu permitindo acesso a eventos de passam aqui ao lado nas cidades de Coimbra, Aveiro, Braga e até na Guarda. Onde está um verdadeiro programa cultural da melhor cidade para viver? Será que temos vergonha dos nossos espaços culturais (ou da ausência deles)? Será que achamos que para Viseu é culturalmente suficiente a Feira de São Mateus e mais um dia de feira com o Mateus Fest? Talvez seja suficiente a agenda mensal dos museus Municipais…

É pouco Viseu Marca, é muito pouco. Uma feira secular, uns eventos de enologia e umas animações deprimentes, recorrentes e sem imaginação nas datas festivas não só não orgulham a cidade de Viseu e os seus habitantes como nos envergonham quando recebemos quem nos visita. Um site que é uma vergonha e uma missão/quem somos, descrita como uma Associação de marketing territorial e de branding de Viseu. Poupem-nos e poupem os nossos impostos…

É por isso que voltamos ao Barrelas Summer Fest.

Hoje o interior do País e também o interior do nosso Distrito está nas páginas dos principais jornais nacionais. O anúncio de uma banda de renome internacional complementando um cartaz com bandas nacionais demonstra mais uma vez a coragem e arrojo das gentes das Terras do Demo. Quem conhece bem esta zona sabe bem das dificuldades de desenvolvimento económico aliado à desertificação imparável das últimas décadas combatida pela resiliência e abnegação dos agentes locais e da sua população.

Tivessem metade desta coragem, resiliência e interesse verdadeiro na promoção cultural, desenvolvimento económico e bem estar social outros agentes locais com muito mais orçamento, população e visibilidade.

 

Por fim,

A Viseu Marca optou por um caminho, “ajudar” o Município de Viseu a secar o que o rodeia, como se esses territórios fossem seus concorrentes e condicionassem o seu desenvolvimento.

Infelizmente, já nos habituámos a que este tipo de atitudes, que criam verdadeiras entropias ao desenvolvimento do interior, sejam recorrentes. Visões muito curtas, entorpecidas e “pequeninas”. Ao fim e ao cabo é como está a cidade de Viseu, a melhor cidade para se ir vivendo.  Vivendo só até ao começo da idade adulta, porque educação superior de vanguarda, oportunidades de trabalho qualificado e capacidade de atração de talento fica para o litoral e para cidades com outra visão e acima de tudo outro tipo de liderança. Mas isso deixo para uma próxima vez porque tem muito que se lhe diga.

Por fim não posso deixar de elogiar a atitude de um presidente de câmara que foi atrevido e ambicioso, demonstrando ter a capacidade e ousadia necessárias para acreditar que ainda é possível. Não, não é um projeto megalómano como muitos o pretendem retratar. Não, é um David contra Golias. É sim, a Capacidade contra a Incapacidade, é a Visão Estratégia em oposição às Políticas Retrógadas.

Eu, estarei presente, até já Barrelas!

 

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Publicado em Opinião