Foi nesta Segunda-feira que o “Barrelas Summer Fest” jogou a sua cartada mais forte com o anúncio da banda de rock Britânica, Skunk Anansie.
Espera-se agora o anúncio do cabeça de cartaz do “Mateus Fest”.
A polémica sobre a sobreposição de datas do Barrelas Summer Fest e o Mateus Fest revelou e abriu ainda mais as clivagens incompreensíveis entre os organismos locais e os responsáveis pela dinamização cultural da nossa região. Mas vamos então colocar a questão. Existe ou não razão para a polémica e para uma das partes acusar a outra de tentativa de monopolização e destruição das iniciativas culturais dos concelhos vizinhos?
O interior deveria unificar esforços numa luta cada vez mais desigual entre o litoral e o interior para aceder a investimento, tornar mais atrativo um território que tem vindo, sucessivamente, a ser esquecido pelos governos que têm passado pelo poder nos últimos anos. Assim, a Viseu Marca decide de uma forma autista fazer coincidir a data de um evento a realizar no centro de Viseu com outro a realizar a sensivelmente 30 Km num espaço marcadamente rural e fustigado pelo desinvestimento do poder central. Será que não tinha alternativa?
Algo notório é a total ausência de diálogo entre as partes, partes estas que partilham e trabalham em conjunto (pensa o eleitor) em variados organismos de gestão e desenvolvimento local. Desta ausência de diálogo ressalta que “o mais forte”, “o mais populacional”, “o mais representativo” comporta-se com o estilo “orgulhosamente só” mostrando o seu isolamento e indiferença para com os seus pares.
É pouco Viseu Marca, é muito pouco. Uma feira secular, uns eventos de enologia e umas animações deprimentes, recorrentes e sem imaginação nas datas festivas não só não orgulham a cidade de Viseu e os seus habitantes como nos envergonham quando recebemos quem nos visita. Um site que é uma vergonha e uma missão/quem somos, descrita como uma Associação de marketing territorial e de branding de Viseu. Poupem-nos e poupem os nossos impostos…
É por isso que voltamos ao Barrelas Summer Fest.
Hoje o interior do País e também o interior do nosso Distrito está nas páginas dos principais jornais nacionais. O anúncio de uma banda de renome internacional complementando um cartaz com bandas nacionais demonstra mais uma vez a coragem e arrojo das gentes das Terras do Demo. Quem conhece bem esta zona sabe bem das dificuldades de desenvolvimento económico aliado à desertificação imparável das últimas décadas combatida pela resiliência e abnegação dos agentes locais e da sua população.
Tivessem metade desta coragem, resiliência e interesse verdadeiro na promoção cultural, desenvolvimento económico e bem estar social outros agentes locais com muito mais orçamento, população e visibilidade.
Por fim,
A Viseu Marca optou por um caminho, “ajudar” o Município de Viseu a secar o que o rodeia, como se esses territórios fossem seus concorrentes e condicionassem o seu desenvolvimento.
Infelizmente, já nos habituámos a que este tipo de atitudes, que criam verdadeiras entropias ao desenvolvimento do interior, sejam recorrentes. Visões muito curtas, entorpecidas e “pequeninas”. Ao fim e ao cabo é como está a cidade de Viseu, a melhor cidade para se ir vivendo. Vivendo só até ao começo da idade adulta, porque educação superior de vanguarda, oportunidades de trabalho qualificado e capacidade de atração de talento fica para o litoral e para cidades com outra visão e acima de tudo outro tipo de liderança. Mas isso deixo para uma próxima vez porque tem muito que se lhe diga.
Por fim não posso deixar de elogiar a atitude de um presidente de câmara que foi atrevido e ambicioso, demonstrando ter a capacidade e ousadia necessárias para acreditar que ainda é possível. Não, não é um projeto megalómano como muitos o pretendem retratar. Não, é um David contra Golias. É sim, a Capacidade contra a Incapacidade, é a Visão Estratégia em oposição às Políticas Retrógadas.
Eu, estarei presente, até já Barrelas!