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Pedro Esteves
Ver o Sr. Rosa a fazer um julgamento pareceu o mesmo que ter um cego a escolher um filme porno. Não acertou uma. Crisipo de Solos morreu de riso de uma das suas anedotas. Este Juiz conseguiu fazer aquilo sem esboçar o mínimo sorriso. Nas artes da crendice e ciências do oculto, arrisca-se mesmo a tirar o primeiro lugar à bruxa Maia.
Já não ia ao circo há bastante tempo. Tanto que já me começava a esfumar a memória de ver todas aquelas bestas, altivas, domadas a troco de biscoitos e chibatadas. Saudades tinha também de ver os palhaços em alaridos e joviais algazarras. E os acrobatas, em arriscados saltos. Ontem assistiu-se a tudo isto. Em directo.
As ciências jurídicas explicarão muitos daqueles fenómenos. As artes pornográficas explicarão os restantes, atendendo à maneira como se fecundou toda uma nação.
Quanto ao Sr. Sousa, a questão que se coloca é como a criatura convence os cidadãos a tomarem o partido dele. Se pela intrujice do próprio ou pela ignorância dos outros.
De uma forma ou de outra, o certo é que a sumidade acaba de ser politicamente reabilitada, e caso resolva voltar às urnas (cruz credo), vem munido do cartão do monopólio que o livra da prisão. Admiro-lhe a perícia e não os fins. Até porque mantém poder, não pelos feitos, mas pela gabarolice. Essa mesma que o vende e faz parecer virtuoso, aos olhos dos mais distraídos. Já os mais sérios sabem que a única maneira de parecer virtuoso é sê-lo de facto. Mas quem se apodera do poder governa a propaganda, e esta domina a opinião publica, em toda a sua ignorância.
Ontem fez lembrar os tempos da simonia. Houve quem caísse na esparrela e comprasse o engodo. Mas perante tal absurdo, e na impossibilidade de fazer justiça pelas próprias mãos, é preferível soltar umas gargalhadas.
Bizâncio caiu enquanto discutia o sexo dos anjos. A República Portuguesa desaba debatendo a corrupção dos governantes.
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