Pé ante pé, Marcelo…

Por mais que Marcelo tente apoiar o líder social-democrata Luís Montenegro, a inaptidão deste e por seu pessoal demérito, não se antevê para já uma solução viável do centro-direita para governar o país. Criada a nova Aliança Democrática, que estendeu o dedo mindinho de uma mão ao CDS-PP e uma jangada rôta ao PPM, ainda assim, as previsões não lhe dão a maioria absoluta para governar. Por trás das costas, estende um côto de mão à IL, por ambos os partidos aparentemente refutada… para já.

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  • 14:39 | Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2024
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Pé ante pé, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da República, aproxima-se dos seus plenos objectivos.

Nunca ninguém ignorou as origens ideológicas de Marcelo, as mesmas que ele pareceu renegar para obter o apoio do PS para a sua segunda candidatura a Belém.

Um pouco de história: Marcelo doutorou-se em Ciências Jurídico Políticas e tornou-se professor catedrático. Um reputado constitucionalista. Foi jornalista, ligado ao Expresso de Francisco Pinto Balsemão e ao Semanário, com Proença de Carvalho e José Miguel Júdice, entre outros. Passou pela TSF, pela TVI, pela RTP. Meios de comunicação social que o catapultaram e fizeram escola para projectar muitos dos actuais políticos da nossa praça, Ventura incluído.


Marcelo aderiu ao PPD em 1974. Foi deputado em 1975. Com Pinto Balsemão, em 1981, tornou-se secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros para, no ano seguinte, tomar posse como ministro dos Assuntos Parlamentares.

Em 1983, dentro do PSD, forma a Ala Nova Esperança, com Durão Barroso, Júdice e Santana Lopes, em oposição ao Bloco Central. Foi presidente do Partido, de 1996 a 1999. Foi eleito deputado ao Parlamento Europeu e vice-presidente do partido Popular Europeu, de 1997 a 1999.

Candidatou-se à presidência da República, tendo sido eleito com 52%, em Janeiro de 2016. Teve como opositores, António Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém Roseira e Marisa Matias. Foi reeleito em 2021, com 60,7% dos votos e contou com o apoio discreto, tácito e eficaz do Partido Socialista, que deixou cair Ana Gomes, da sua família política.

Neste seu último mandato, Marcelo que já não irá a votos e perante a “Operação Influencer”, aceitou a demissão do primeiro-ministro António Costa e decretou a dissolução da Assembleia da República, onde pontificava o governo maioritário socialista, marcando eleições para 10 de Março deste ano.

Por mais que Marcelo tente apoiar o líder social-democrata Luís Montenegro, a inaptidão deste e por seu pessoal demérito, não se antevê para já uma solução viável do centro-direita para governar o país. Criada a nova Aliança Democrática, que estendeu o dedo mindinho de uma mão ao CDS-PP e uma jangada rôta ao PPM, ainda assim, as previsões não lhe dão a maioria absoluta para governar. Por trás das costas, estende um côto de mão à IL, por ambos os partidos aparentemente refutada… para já.

Marcelo, de tal ciente, sabe que a única possibilidade virá da inclusão do Chega nesta caixa de Pandora. Ideia frontalmente recusada por Montenegro e Nuno Melo. A IL também aparenta ter-lhe “urticária”. Mas as aparências podem iludir.

Marcelo vê-se perante um país que pode tornar-se ingovernável, muito por sua culpa e pelos cálculos errados que congeminou.

Se o PS agora rejeita nova “geringonça” com o BE, o PCP e o Livre – de fora o PAN, no seu oportunismo pendular, na Madeira comprovado – decerto que no dia 11 de Março, perante os resultados eventualmente menos favoráveis, sem maioria absoluta, hoje uma miragem, não descartará essa nova aliança para enfrentar a nova AD. Ademais, esta ideia não sendo adversa ao novo secretário-geral, Pedro Nuno Santos.

Andou, pois, Marcelo Rebelo de Sousa, todos estes anos a construir o seu cenário, coadjuvado pelos imprevistos trunfos que António Costa lhe pôs nas mãos e ainda assim, sujeito a que as contas lhe saiam furadas…

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Publicado em Opinião