Os políticos viseenses, pasmados e invisíveis

Os da Praça da República incluindo os vereadores da oposição, de repente, viram-se num mundo onde o foguetório e a propaganda deixaram de ter interesse para as pessoas e entraram num mundo paralelo.

Texto Paulo Neto Fotografia Direitos Reservados

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  • 15:21 | Terça-feira, 21 de Abril de 2020
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O mundo mudou em velocidade estonteante e de forma tão brusca que os políticos viseenses nem tempo tiveram para se adaptar.

Os deputados eleitos pelo distrito entraram em hibernação e não só aqueles que compreensivelmente por pertencerem ao grupo de risco a isso são aconselhados.

Não se ouviu uma voz de ânimo ao povo, de estímulo aos militantes, uma medida proposta ao governo para aliviar o sacrifício das famílias ou das empresas. Podiam por exemplo ter apresentado na AR uma recomendação ao governo para durante este período suspender as portagens na A25 para facilitar a vida aos profissionais da saúde e outros que necessitam de trabalhar, mas não, arrumaram o carro na garagem optando por ignorar todos aqueles que os elegeram. É nos momentos difíceis que se conhecem os amigos e estes, foram bem escolhidos!


Os da Praça da República incluindo os vereadores da oposição, de repente, viram-se num mundo onde o foguetório e a propaganda deixaram de ter interesse para as pessoas e entraram num mundo paralelo criando a sua própria realidade, distante e diferente daquela que os governados precisam. Podiam ter copiado as boas ideias que cidadãos, autarcas e organizações foram sugerindo mas optaram antes por plagiar de forma descarada o trabalho altruísta e voluntarioso de um jovem programador, podiam ter poupado os viseenses na conta da água mas preferiram montar uma narrativa de um desconto de 15% sobre os 30% que aumentaram, podiam ter montado um hospital digno em colaboração com a diocese no Seminário Maior mas optaram por montar um depósito de velhos no frio pavilhão do Fontelo, podiam ter feito em tempo testes gratuitos aos utentes e funcionários dos lares mas optaram por escrever cartas à ministra, podiam ter distribuído máscaras e gel desinfectante à população mas preferiram difundir poemas e receitas culinárias, podiam ter uma solidariedade com o colectivo mas preferem cultivar as suas agendas pessoais, podiam ter sido proactivos mas preferiram ser inactivos, poder e oposição sabem que não poderão ser criticados por aquilo que não fizeram e é isso o que têm feito.

Daqui a um ano haverá eleições, aproveitem e mantenham tudo como está! Pior não ficará!

Já nem me alargo mais a falar sobre um outro governante que montado na onda da desgraça do momento aí vem feito governador civil de outrora para coordenar as hostes desgovernadas nesta pandemia. As crises também têm este lado, de nos mostrar os oportunistas que quando os outros choram se oferecem para lhes dar uma palmada nas costas e ensinar onde devem ir comprar os lenços. Isto tem outro qualificativo, mas de momento não me ocorre de modo que também não gastemos mais palavras com quem as não merece.

E, aqui chegados, sabendo que nada mais irá ser igual, que resposta vão dar aos anseios e preocupações das pessoas, das famílias e dos empresários. Vai ou não haver Feira de São Mateus? Em que ficamos? Pode o empresário assumir já despesas sem correr o risco de à última da hora lhe negarem a possibilidade de reaver o investimento? E aqueles que já lá investiram como vão amortizar a despesa sem a realização da Feira? E vale a pena manter projectos megalómanos e elefantes brancos como o Viseu Arena quando quase de certeza tão cedo não se poderão realizar eventos com grandes concentrações de pessoas? Não será preferível apostar em áreas verdes de lazer e turismo de saúde no Parque da Aguieira? Não será melhor aprimorar a ecopista e acrescentar-lhe as prometidas ecovias citadinas? E a Feira Semanal é para manter neste cenário? Não será preferível requalificar aquele espaço devolvendo o rio Pavia à cidade dotando-a de mais qualidade de vida? E como responder ao desemprego que vai ser galopante? E como trazer indústria e aumentar a capacidade produtiva do concelho na área agrícola?

Quando a única ferramenta que se tem à mão é um martelo qualquer problema é um prego e tem sido assim que os políticos viseenses têm governado a região, martelando o presente e os bolsos dos viseenses. É tempo de arranjarem outras ferramentas que possam construir no futuro outra realidade. Se não sabem como ou não são capazes, cedam lugar a outros e fiquem em casa definitivamente!

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Publicado em Opinião