A prepotência de Ferro Rodrigues

As comemorações do 25 de Abril devem ser adaptadas às circunstâncias que vivemos e o Presidente da AR perdeu uma boa oportunidade para inovar a esse respeito.

Texto Carlos Cunha Fotografia Direitos Reservados (DR)

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  • 22:34 | Segunda-feira, 20 de Abril de 2020
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As comemorações do 25 de Abril só irão manter-se no formato regular, porque Ferro Rodrigues, autoritariamente, quer mostrar quem manda e no seu entendimento quem manda é a maioria e ele representa a maioria e está mandatado para decidir como irão decorrer as comemorações.

2- Ferro Rodrigues tomou essa decisão de uma forma impulsiva e muito pouco democrática. O Presidente da AR reagiu a quente ao discurso de João Almeida, deputado do CDS, que questionava a legitimidade de se comemorar o 25 de Abril nos moldes tradicionais e, por exemplo, não se permitir que uma família se despeça condignamente de um ente querido, falecido durante o estado de emergência.

3- O que está em causa não são as comemorações do 25 de Abril, nem o simbolismo da data para boa parte do povo português. Não se defendeu a anulação das celebrações, nem o seu adiamento. Em seu lugar propôs-se a alteração do modelo da celebração, o que revela apenas sensatez.


4- As comemorações do 25 de Abril devem ser adaptadas às circunstâncias que vivemos e o Presidente da AR perdeu uma boa oportunidade para inovar a esse respeito, revelando prepotência na atitude e um autoritarismo no comportamento característico de regimes que são tudo menos democráticos, ou seja, Ferros Rodrigues revelou-se democrata na palavra, mas autoritário na ação.

5- No fundo, a atitude carregada de autoritarismo de Ferro Rodrigues é francamente contrária aos princípios e valores de Abril, que defendem a liberdade como bem maior de um povo.

6- No entanto, não há liberdade se não houver consciência e, nestas circunstâncias singulares que atravessamos, exige-se aos governantes bom senso, lucidez e serenidade nas decisões.

7- A respeito de celebrações a Rainha Isabel II, que festejava o seu aniversário por estes dias, proferiu uma frase lapidar: “Em tempo de pandemia não se fazem celebrações!”

8- Se houver bom senso, podemos não ser assim tão definitivos, se existir capacidade e vontade políticas para se alterar o modelo das celebrações.

9- O desmando de Ferro Rodrigues obrigou a Ministra da Saúde e a Diretora Geral da Saúde a alterarem o discurso, que até aqui era de defesa intransigente do confinamento.

10- As responsáveis máximas da saúde, por causa de Ferro Rodrigues, amaciaram o teor do discurso, fazendo lembrar aquelas mães que dizem aos filhos adolescentes que podem beber, mas só um pouquinho!

11- Ferro Rodrigues pode assim festejar o seu 25 de Abril, porque as responsáveis máximas da saúde permitem, porque ninguém está para questionar a autoridade do Presidente da AR nesta matéria.

12- Deste modo, a importância das celebrações sobrepõe-se à salvaguarda da saúde pública.

13- Mediante o exemplo dado pelo Presidente da AR, também os presidentes das Assembleias Municipais se encontram legitimados para celebrarem o 25 de Abril no modelo tradicional com convidados e beberete social no final. Afinal o exemplo veio de cima!

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Publicado em Opinião