O que é isso de “abstenção exigente”?

“Vontade profunda de estabilidade política de todos os portugueses”, é assim que o PS justifica a sua posição de “abstenção exigente”, o que quer que isso seja senão uma frase bonitinha para salvar a face.

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  • 13:31 | Segunda-feira, 27 de Outubro de 2025
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O PS, pelas palavras do seu secretário-geral, José Luís Carneiro, comprometeu-se com a AD a abster-se na votação do Orçamento de Estado.

O Chega, posto numa cómoda posição, espera para ver, de acordo com a sua postura de oportunismo, agora colocado entre os outros dois partidos, com ampla capacidade decisória e muito calculismo.

O Chega não precisa de se arredar um milímetro da sua estratégia ideológica, podendo abster-se, o que, neste momento, é igual a nada, votar contra se não forem satisfeitas as suas exigências, o que é igual a nada, sendo apenas uma decisão que lhe dá músculo perante o seu eleitorado, ou votar a favor, se as tais exigências forem satisfeitas, o que o coloca como preferido para futuras alianças com a AD, desvanecido o anátema do “não é não” que encheu a boca de Montenegro.


O PS está acocorado e entalado entre os dois. Sabe que se votar contra o OE o Chega vota a favor. Abstendo-se, o Chega vai pensar… mas com muito campo de manobra eleitoralista.

Vontade profunda de estabilidade política de todos os portugueses”, é assim que o PS justifica a sua posição de “abstenção exigente”, o que quer que isso seja senão uma frase bonitinha para salvar a face.

A dar continuidade a estas posições, mais tarde ou mais cedo será usado e abusado pela AD e canibalizado pelo Chega, perdendo o respeito dos portugueses. O que representa um enorme risco para o equilíbrio democrático do país e uma possível  e vertiginosa viragem à direita e à extrema-direita.

Este não é um PS forte. É sim um PS frágil em busca de um lugar perdido. Com posições destas, corre o grave risco de minguar e de ver crescer aquele a quem dá a mão e o outro, aquele que recebe no colinho todos os resultados destes ambíguos ziguezagues.

Ficando a meio da ponte evidencia a sua fraqueza, mas também uma atopia penalizadora de quem ignora qual a boa via a seguir para chegar, com saúde e íntegro, ao seu almejado destino.

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Publicado em Opinião