A ministra da Saúde, que aceita o rótulo de ser “a pior ministra do governo”, sobrevive incólume a todas as tormentas onde se afunda a nau que tutela.
No governo “rosa”, era ver os “boys laranja” aos pulos, esganiçados, à porta das urgências, com tarjas negra, de pesado luto, em muros e varandas da cidade, criticando os encerramentos de serviços, a falta de profissionais no sector, os partos nas ambulâncias, os atrasos na concretização de infraestruturas da Saúde, etc.
Ainda me recordo de uma antiga ministra da Saúde se ter demitido por causa do falecimento de uma utente. Feita decerto de outra massa…
Mas esta perdurável titular, não se demite, diz assumir todas as responsabilidades, políticas inclusive – cujas consequências não são nenhumas – e não admite quaisquer responsabilidades pela morte de um cidadão de cinquenta anos aquando da greve do INEM.
Mesmo confrontada com o relatório da IGAS (Inspecção Geral das Actividades em Saúde) que detectou culpas e fez pesadas acusações, Ana Paula Martins desvaloriza e fala com carinho da confiança do “meu primeiro-ministro”.
Este, por sua vez, tendo feito da Saúde a mais importante bandeira eleitoral, alheou-se dela e parece ficar todo satisfeito, isso sim, quando a sua ministra demite mais um CA de uma USL para meter os companheiros da cor. Sim, as USL’s com o seu universo de milhares de funcionários, são fértil leira para colocar mais uns milhares de “comissários”, firmando assim lealdades dignas de um centro de emprego afanoso.
Os últimos casos dos dermatologistas que facturam aos sábados dezenas de milhares de euros, mesmo estando ausentes em Itália, é mais uma ponta do icebergue que ajuda a afundar este SNS para, aos poucos, assim diabolizado e minado, deixar emergir as superiores qualidades dos hospitais privados. Que o mesmo é dizer, dando passos enormes para a privatização da Saúde em Portugal, nesta política neoliberal desenfreada que tanto parece agradar a quem manda.
E por falar em Saúde. Na ULSVDL, já terão sido apurados os responsáveis pela divulgação indevida de dados pessoais de colaboradores da instituição, nomeadamente “número mecanográfico, nome completo, sexo, categoria de exercício, grupo profissional, centro de custos, local de trabalho, vínculo, data de nascimento, nacionalidade, NIF, nº do documento de identificação, entidade de desconto, nº da ADSE, nº de beneficiário, naturalidade, email, nível de habilitações, morada, código postal, distrito do código postal, contacto telefónico”…?
Segundo o CA, “este incidente configura uma violação de dados pessoais nos termos do Regulamento Geral de Protecção de Dados (CNPD), conforme artigo 33º do RGPD”. E…?
Evidentemente, que atrás do erro humano que permitiu esta situação, há um superior hierárquico responsável do conselho de administração. Quem será? Que consequências haverá? Em termos de responsabilidades? E em termos de eventuais danos causados aos colaboradores, que assim se viram alvo de devassa dos seus dados pessoais, facultados com plena confiança a um serviço que, com indiligência e ligeireza, não os acautelou, antes os divulgou?
Na Saúde, cada cavadela sua minhoca…