Mulher sem nome

A ti, mulher sem nome Minha irmã Quero agradecer e compartilhar As lágrimas reprimidas  As dores não partilhadas Na solidão e no silêncio dos dias

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  • 20:26 | Terça-feira, 08 de Março de 2022
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Mulher sem nome

Tu, mulher sem nome

Que no silêncio e na solidão dos dias


Deixas que as tuas mãos experientes

Tratem meigamente

O corpo enfermo

Do que jaz em dores maiores

Tu, mulher sem nome

Que no silêncio e na solidão dos dias

Deixas que a tua voz entoe um cântico antigo

Doce canção de embalar

Que acalma o corpo enfermo

Dorido de tantas dores maiores

Tu, mulher sem nome

Que no silêncio e na solidão dos dias

Deixas que da tua boca crispada

Saiam ternas palavras de coragem

De uma coragem que sabes não ser possível

Porque as dores maiores

Lascam e trucidam o corpo exangue

Tu, mulher sem nome

Que no silêncio e na solidão dos dias

Empurrando uma cadeira de rodas

Deixas que o som do mármore pisado se misture

Com a melopeia que ecoa na tua cabeça

Pedindo cura e paz

Tu, mulher sem nome

Que no silêncio e na solidão dos dias

Atendes um telefonema longínquo

Apercebes-te de uma mensagem rápida

Questionando sobre o devir do corpo enfermo

Nunca te perguntam, mulher sem nome

Pelo sangramento constante da tua alma

Não é preciso

Tu está sempre lá

Calada com as mãos tratando e afagando o corpo dorido

Tu, mulher sem nome

No silêncio e na solidão do dia fatal

Ao alívio inconfessado alias o desespero lancinante

De quem vê o colo vazio

Agora que o corpo enfermo descansou

Podes seguir o teu caminho, dizem

Que caminho, interrogam teus olhos cansados

A ti, mulher sem nome

Minha irmã

Quero agradecer e compartilhar

As lágrimas reprimidas

 As dores não partilhadas

Na solidão e no silêncio dos dias

Dia internacional de Mulher de 2022

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Publicado em Opinião