Governo contra as Mães deste país

Quanto à ministra Ramalho, num país a definhar demograficamente, acudindo aos desideratos do patronato, veio pôr em causa uma série de medidas a laborioso pulso conquistadas pelas Mães de Portugal, nomeadamente no direito à amamentação.

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  • 11:13 | Quarta-feira, 06 de Agosto de 2025
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A ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, especialista em Direito do Trabalho, aparece como ponta de lança nas alterações à legislação laboral que são uma bandeira que Montenegro não brandiu na campanha eleitoral. Como outras, aliás, naturalmente por esquecimento ou excesso de labuta.

A que muito brandida foi, a da Saúde, tem-se revelado na prática uma calamidade nas mãos da ministra Ana Paula Martins que, até ao presente, mais não faz que registar sucessivos “inconseguimentos”.

Quanto à ministra Ramalho, num país a definhar demograficamente, acudindo aos desideratos do patronato, veio pôr em causa uma série de medidas a laborioso pulso conquistadas pelas Mães de Portugal, nomeadamente no direito à amamentação.


Numa catastrófica entrevista à TSF e Jornal de Notícias em que a ministra, entre outras, refere querer mudar o direito à amamentação e os direitos parentais, fundamenta-se com muita sensibilidade em pérolas deste teor, com a devida vénia citadas

“Acho difícil de conceber que depois dos dois anos uma criança tenha que ser alimentada ao peito durante o horário de trabalho. Isso quer dizer que se calhar não come mais nada, o que é estranho.

Nada impede que uma criança com dois anos, ou três, ou quatro, ou o que seja, seja amamentada de manhã e à noite.

Agora, com certeza, ela deve comer sopa, deve comer outras coisas. O que, mais uma vez eu volto a dizer, o exercício adequado de um direito, não deve confundir-se com o exercício abusivo desse mesmo direito. E, infelizmente, também temos conhecimento de muitas práticas em que, de facto, as crianças parecem que continuam a ser amamentadas para efeitos de dar à trabalhadora um horário reduzido, que é duas horas por dia que o empregador paga, até andarem na escola primária.”

No final desta afirmação deixa escapar a essência da medida: as duas horas que o empregador paga. Para a ministra não importam os direitos das Mães, importa sim, o direito de os patrões mais lucros terem no final do ano.

Como se não nos bastassem as urgências de ginecologia e obstetrícia encerradas por essas USL do país real, as grávidas a darem à luz nas ambulâncias durante a correria de Ceca a Meca em busca de atendimento, a ministra Ramalho, coadjuvando a colega Martins, vem dar uma machadada na lusa natalidade.

Entretanto, uma comentadora do PSD, deputada e nutricionista Ana Gabilhas e uma outra comentadora professora de linguística, do CDS,  Ana Birrento, perante as cameras da TV, esforçadas e de mangas arregaçadas, vêm esfarrapadamente defender seus pares/tutelas e a justeza das medidas contra as Mães tomadas no assalto, geral, à legislação laboral.

Perante tanta feminina alarvidade, quase apetece tornarmo-nos misóginos…

As mulheres deste governo, Maria Lúcia Amaral, da Administração Interna incluída, caladas talvez conseguissem acertar uma…

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