De todos os artigos que tenho escrito, focando na defesa da imprensa regional, é com orgulho que constato que todos eles têm mexido com algumas pessoas e instituições, mas o último, que se intitula “As câmaras vão ser os coveiros da imprensa regional”, está a dar mais que falar do que tem sido habitual, nos fóruns da boa e da má-língua.
Por um lado, começam a levantar-se as vozes há muito amaciadas e desalentadas com o rumo do nosso setor, por outro, as vozes daqueles que de alguma forma são visados ou sentem que têm de enfiar o barrete, revendo-se nalgumas partes dos meus artigos. E depois ainda existem as “virgens ofendidas” e já agora os “velhos do restelo”, que se torcem todos, e só é pena não se partirem ao meio, para ver se aliviam a bota que sufoca o nosso setor.
É preciso, entre tantas revindicações, exigir ao governo e ao regulador, que proíba já as autarquias de continuarem a fazer concorrência desleal, usando os seus portais e os seus orçamentos, ao serviço da propaganda política. É ilegal, é um crime e tem de ser denunciado e corrigido. Depois, há que ajustar contas com o passado. As autarquias, o governo e o regulador são responsáveis diretos pelo estado do setor da imprensa regional, pelas falências já ocorridas e pela debilidade do que resta dos nossos órgãos de comunicação. Isto também tem de ser ressarcido. Urge promover um amplo debate nacional, para que se possa chegar a consensos e voltarmos de novo ao caminho do crescimento, interrompido lá pelos anos 90 do século passado. O nosso setor pode e deve crescer, fortalecendo-se e fortalecendo assim a democracia regional, difundindo o que os leitores esperam, sempre com a verdade e o contraditório a que assiste cada artigo que produzimos.
Deste lado, estou preparado, e bem assessorado, para iniciar este debate e trazer para a agenda pública mediática do país estes 2 pontos fundamentais para a nossa sobrevivência.
Através da APMEDIO, do qual tenho o imenso orgulho de ser Presidente da Mesa da Assembleia, preparam-se estratégias de luta que nunca se ousou sequer equacionar e que irão ser implementadas a partir de outubro (devido ao período das eleições autárquicas), e visam uma completa remodelação da imprensa regional, no que tange os seus direitos e deveres, e acima de tudo, o cumprimento escrupuloso da lei da imprensa, que em Portugal apenas é cumprida para sancionar o pequeno editor. Infelizmente o que temos recebido do governo têm sido apenas e unicamente troféus produzidos nas Caldas da Rainha. E já começa a doer bastante.
Este ataque constante ao nosso setor vai ter de parar já! Meia dúzia de corruptos ganham alguma coisa com o estado a que chegamos, mas 90% dos órgãos regionais não têm de passar por uma sarcopenia imposta, ou antes de tempo.
Insto os leitores a darem força a este movimento, a estarem connosco, nem que seja como força silenciosa. Um novo 25 de abril vai começar a ser desenhado e precisamos de todos, todos, todos.
José Vieira – Jornalista e Presidente da Mesa da Assembleia da APMEDIO