Envelhecimento na Europa

Em Portugal a resposta é dada na esmagadora maioria por estabelecimentos do setor social. No entanto a resposta dada é muito deficitária (como ficou amplamente demonstrado na pandemia). Esta situação deve-se, sobretudo, a quadros de pessoal deficitários e a muito deficiente articulação com o sistema de saúde. 

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  • 10:11 | Terça-feira, 29 de Março de 2022
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A população europeia com mais de 70 anos representará em 2045 mais cinquenta por cento do que representa hoje.

Isto significa que este estrato da população representará mais de 20% da população. 
Não há uma política europeia para a velhice e as soluções e respostas variam de país para país. 

Nos países do norte europeu prevalece a política da manutenção das pessoas em domicílio.

Nos países nórdicos há um ponto comum nas respostas, toda a prioridade vai para o apoio domiciliário para conseguir a manutenção das pessoas no seu domicílio o mais possível.


Os municípios são os responsáveis pelo apoio domiciliário, sendo que o seu pagamento está indexado ao valor das pensões e tem um teto máximo.

São também os serviços municipais os responsáveis pela colocação dos idosos nos estabelecimentos residenciais.

Aqui os utentes pagam uma pequena percentagem do custo do seu alojamento, também em função da sua reforma. O restante é encargo municipal que paga o mesmo a estabelecimentos públicos ou privados.

De notar que esta política implica, por vezes, a passagem por uma fase intermédia entre a casa de residência e a estrutura residencial. Esta consiste em viver em casas arrendadas que tendo um grau de concentração elevado que permite um apoio já não possível na casa dos idosos, mas não tão diferenciado como o prestado nas estruturas residenciais.

Na Alemanha os apoios são prestados por familiares que podem ou não ser apoiados por serviços de cuidados ambulatórios.

Os idosos que vivem nas estruturas residenciais alemãs fazem-no em estabelecimentos de instituições não lucrativas (mais de metade), públicos e privados.

Em Itália o número de camas disponíveis em estabelecimentos é diminuto.

A rede de residências é quase inexistente.

Aliás as primeiras residências em Itália datam dos anos noventa do século passado.

A sua localização é sobretudo a norte, ficando os idosos do centro sul e ilhas ao cuidado das famílias, onde os laços familiares continuam muito fortes.

Contudo esta solução é complementada por uma rede de cuidadores, badantis, que é uma “engrenagem” imprescindível na sociedade italiana que permite que centenas de milhares de idosos continuem nas suas casas, mesmo em situações de alguma dependência (são como que empregadas domésticas – muitas vezes têm alojamento na casa do idoso).

Esta resposta é prestada sobretudo por imigrantes, maioritariamente do sexo feminino, oriundos dos países do Leste europeu, mas também da América do Sul e das Filipinas. O seu custo é muito inferior ao de um alojamento num estabelecimento e estende-se às várias classes sociais.

No Reino Unido, hoje, os cuidados prestados às pessoas idosas são feitos quase exclusivamente em estruturas privadas.

Até aos anos 80 do século passado a resposta era exclusivamente prestada em estabelecimentos públicos.

A responsabilidade é, agora, das autoridades locais que assumem responsabilidade financeira relativamente às pessoas de rendimentos mais baixos.

Em Espanha a resposta aos idosos dependentes está entregue, sobretudo, à solidariedade familiar.

Dois terços dos idosos encontram resposta, às necessidades emergentes da sua situação, junto de familiar próximo.

Em França um quinto da resposta às necessidades dos idosos com dependência é dada em estabelecimentos privados.

No entanto estes estão sob grande escrutínio face a situações de exploração e quase maus tratos apuradas.

Em Portugal a resposta é dada na esmagadora maioria por estabelecimentos do setor social. No entanto a resposta dada é muito deficitária (como ficou amplamente demonstrado na pandemia). Esta situação deve-se, sobretudo, a quadros de pessoal deficitários e a muito deficiente articulação com o sistema de saúde.

Os estabelecimentos que deram uma bastante boa resposta foram os da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.

Estes encerram em si uma colaboração e princípios de atuação que envolvem as Instituições proprietárias dos estabelecimentos da Saúde e da Segurança Social.

Urge completar esta rede, para que cubra todo o território nacional e fazer com que ela sirva de inspiração à reforma que deve abranger as Estruturas Residenciais de Pessoas Idosas.

A situação derivada do Covid19 veio apanhar todas as estruturas de resposta aos idosos com carências transversais em todos os países.

Com efeito em todos se verificou uma situação de subdotação dos quadros de pessoal.

Esta carência foi especialmente sentida na área profissional de cuidadores diretos0.

Foi uma situação que abrangeu todos os países europeus, do norte do centro e do sul, dos países ricos aos mais pobres, dos tidos como muito organizados aos mais voluntariosos.

 

(Fonte principal jornal Le Monde)

 

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