CIM Viseu Dão Lafões: ser ou parecer?

Com uma agenda centrada no mediatismo a CIM deixa de fora ou trata pela rama os assuntos realmente importantes para as gentes da região.

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  • 20:58 | Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2020
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Atento às notícias da região vejo-me obrigado a revisitar o assunto da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões aka CIMVDL.

De modo a evitar juízos de valor deixem que, desde já, assuma que não conheço pessoalmente ninguém naquela instituição nem nada me move contra os funcionários que ali prestam serviço. A minha crítica, que vale o que vale, apenas visa as políticas e os processos que ali são desenhados. Sei, contudo, que as instituições são também as pessoas, mas nessa perspectiva quem se sentir visado é bom que reflita na razão pela qual lhe assentará o barrete!

Dizia eu que revisito este tema porquanto em Maio de 2019, aqui nesta mesma plataforma digital, apontava algumas questões sobre a CIMVDL e um ano depois tudo se mantêm na mesma rotina e, aparentemente, com o mesmo modus operandi. Afirmo isto tendo como pano de fundo a comunicação daquela instituição do Estado nas redes sociais, onde podemos acompanhar e medir o trabalho e as políticas que têm conduzido nos últimos tempos.


Começo por registar o facto de, sendo uma instituição responsável por promover a inclusão e por dinamizar e estimular as boas práticas comunicacionais na rede, têm uma postura de total desprezo pelo contribuinte e cidadão da região.

Desde a senhora brasileira que não sabendo do seu descendente e familiar ali vem colocar a questão, ao spam da falsa conta que ali deixa nas publicações dos visitantes uma proposta de concessão de crédito por empréstimo ou, à questão séria de um cidadão sobre um pertinente assunto dos projectos conduzidos pela CIMVDL, tudo fica sem resposta. A interação é nula o que é prova do interesse e da consideração que dedicam aqueles para quem as suas políticas são dirigidas. Em resumo, com a era digital em pleno vapor, a comunicação varia entre o mau, o inexistente e o fora de prazo. E, não será por falta de recursos humanos, porquanto em Setembro de 2019 lançaram concurso para integrar novo técnico e, ao que julgo saber, meio ano depois o processo não está concluído, o que diz bem da dinâmica desta instituição.

Depois, tudo o demais é demonstrativo do despesismo e da falta de estratégia que grassa ali pelos lados de Tondela, onde a CIM tem a sua sede. Com facilidade se encontram publicações, de Junho de 2017, por exemplo, onde se dá nota de que “já arrancou o Projeto “Plataforma de Emergência e Proteção Civil Intermunicipal” provavelmente o mesmo que em Março de 2019 se afirma que “a CIMVDL ensaiou com sucesso a Plataforma de Emergência e Proteção Civil Intermunicipal”, etc… ou as sucessivas publicações de caracter turístico de promoção da região, o que até é louvável não fosse dar-se o caso de haver instituições do Estado também pagas para fazer esse trabalho como o Turismo do Centro ou, promovendo mesmo espaços como a Póvoa Dão, fazendo publicidade enganosa pois turista que vá no engodo só encontrará ali desleixo e abandono, o que terá efeito até contrário ao pretendido.

Com uma agenda centrada no mediatismo das temáticas do momento, como é o caso das alterações climáticas, num modelo espalhafatoso enfeitado com mascotes e outras bonecadas, além dos muitos euros derretidos nestas acções, substituindo-se ao papel das escolas e das entidades a quem cabe esta importante sensibilização, a CIM deixa de fora ou trata pela rama os assuntos realmente importantes para as gentes da região. O melhor exemplo disso é a propaganda montada sobre a suposta rede de transportes e mobilidade intermunicipal, seja lá o que isso for sendo que chega a ser caricato senão até ofensivo da inteligência beirã o desconto sobre transportes numa rede interligada que não existe. Quem viver em Molelos e trabalhar em Mangualde terá que fazer uso do carro e de nada lhe valerão os descontos anunciados a que somará as portagens da A25, cuja luta pela sua abolição a CIM ignora! Porque não propõe a CIM ao Governo, em alternativa aos condicionamentos do IP3, a abolição das portagens da A25 neste período? Outro exemplo concreto desta inépcia da CIM resulta do facto de ainda recentemente terem anunciado o “estudo de Transporte Flexível aos Municípios da região” e, após insistência por várias vias sobre a forma de conhecer esse mesmo estudo, lá se dignaram contra vontade informar que afinal o estudo ainda não está pronto para ser tornado público, aguardando ainda a discussão com as autarquias e certamente posterior aprovação por parte de uma Assembleia Intermunicipal que nada questiona nem nada escrutina. No entretanto, uma consulta no Portal Base mostra o quanto esses estudos custam ao erário público, sem que nada de utilidade resulte para a região!

Poderíamos também falar das sucessivas edições das Ideias de Negócios e Inovadoras sem que se conheça disso uma, apenas uma acção concreta que tivesse conduzido a ser um projecto de sucesso e afirmado na região. É tudo muito whorkshop, muita agenda mas no fundo apenas despesismo sem nexo nem sentido. Não se encontra, ou pelo menos eu fui incapaz de a identificar, um projeto ou uma acção indicando o retorno efectivo com exemplos concretos e mensuráveis. Nada, só mais do mesmo, anos e anos a fio, orçamento após orçamento, execução de fundos comunitários após fundos comunitários… a liderança daquele organismo ainda não percebeu isso ou não lhe interessa também perceber?

De relevar o facto de terem ressuscitado a Revista Beira Alta, a promoção de alguma actividade cultural pelos concelhos associados, a troca de experiências com outras comunidades e quiçá até exemplos estrangeiros mas no essencial, tudo muito poucochinho. A única excepção a este poucochinho que fazem e ao muito poucochinho que demonstram é o orçamento que anualmente estoiram sem que para a região resulte valor acrescentado… nem a Ecopista cuja responsabilidade detêm se mantêm com níveis de manutenção e operacionalidade que mereçam destaque! Vão gastando e gozando… o resto são más línguas de gente que nunca fez nada pela região! Sobre o que, na minha opinão, a CIMVDL poderia e deveria ser escreverei em breve, até lá puxem pela cabeça como no fim do mês puxam pelo extracto bancário para ver se o salário já caiu!

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Publicado em Opinião