É com muita satisfação e esperança que vejo o senhor Bastonário da Ordem do Médicos, Carlos Cortes, vir publicamente defender o fim do silêncio, relativamente à violência geriátrica. O artigo “Violência Geriátrica: romper o silêncio”, publicado no Público (2/8/2025), dá-nos conta da causa por detrás da violência geriátrica:
“Por detrás da violência geriátrica esconde-se o idadismo um preconceito enraizado que reduz as pessoas idosas à condição de frágeis, inúteis ou desprovidas de direitos plenos. Este preconceito, consciente ou inconscientemente, leva à banalização dos abusos sofridos pelos idosos, perpetuando um ciclo perverso de silêncio e sofrimento.”
Percebemos que o idadismo é a raiz do problema, quando a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, publicou o estudo “Portugal Mais Velho” (2020). Foi esse o ponto de viragem que, catapultado pelo Relatório Mundial sobre o Idadismo (OMS, 2021), levou à criação da Associação Stop Idadismo e da Liga Ibero-americana, liderada pelo Doutor Alexandre Kalache, presidente do Instituto Internacional da Longevidade do Brasil.
Todas as vozes contam! Essa tem sido a nossa missão, agregar mais pessoas na luta, justa e urgente, contra atitudes de discriminação e preconceito com base na idade. Por força do cargo que ocupa, a tomada de posição de Carlos Cortes é muito relevante e um reforço para o trabalho que desenvolvemos, em prol de um país para todas as idades.
Senhor Bastonário, seja muito bem-vindo!
“A violência contra idosos é uma emergência silenciosa, um drama invisível frequentemente esquecido ou ignorado pela sociedade e pelas políticas públicas. Enquanto a sociedade ganha consciência e mobiliza esforços contra várias formas de violência, como a doméstica, escolar, racial, de género, a violência geriátrica permanece, ainda, oculta e esquecida, sendo muitas vezes encarada com desconfortável indiferença (…)”
“É URGENTE ROMPER ESTA BARREIRA DO SILÊNCIO.”
Senhor Bastonário, pode contar com a Associação Stop Idadismo, como aliada, na luta contra a invisibilidade das pessoas idosas e para romper a barreira do silêncio em relação aos maus tratos de que são vítimas. Desde 2021, em plena pandemia , focamos a nossa ação em três eixos, recomendados pela OMS, no âmbito da Campanha Global de combate ao Idadismo #AWorld4AllAges: Políticas Públicas e Legislação, Educação e Intergeracionalidade. Nesta perspetiva, recebemos de braços abertos as suas propostas:
– Aposta na formação dos profissionais – “que permita reconhecer precocemente sinais subtis de abuso e negligência. Uma deteção precoce seguida de uma intervenção imediata e articulada entre os profissionais de saúde, segurança pública e ação social, pode salvar vidas.”
– Criação de uma estrutura especializada – “para a prevenção e resposta à violência geriátrica e a obrigatoriedade da presença de médicos em lares e instituições pode fazer uma diferença real.”
– Apoiar cuidadores informais – “frequentemente sobrecarregados física e emocionalmente, é essencial para prevenir situações de risco.”
– Violência geriátrica no centro do debate público e político – “Proteger os idosos não é apenas um imperativo ético, é um sinal de civilização e humanidade. Chegou o momento de colocar a violência geriátrica no centro do debate público e político, assumindo-a como uma prioridade nacional (…) não podemos permitir que o silêncio seja cúmplice da violência.”