Argumentum ad hominem!

  Aníbal Cavaco Silva comunicou que “a cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente em Democracia”. Também referiu que são necessários “compromissos” e “consensos”, restando-nos duvidar se estava a fazer referência às negociações ruinosas das parcerias público-privadas ou a alegada protecção escandalosa dos banqueiros. Os argumentos soberanos do mais alto magistrado da […]

  • 13:35 | Quinta-feira, 08 de Outubro de 2015
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Aníbal Cavaco Silva comunicou que “a cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente em Democracia”. Também referiu que são necessários “compromissos” e “consensos”, restando-nos duvidar se estava a fazer referência às negociações ruinosas das parcerias público-privadas ou a alegada protecção escandalosa dos banqueiros.

Os argumentos soberanos do mais alto magistrado da República (falaciosos por definição) não podem, em Democracia, impedir o comum cidadão de interpretar a origem da crise que o absorve, procurando a verdade.

Os resultados eleitorais, as declarações do Presidente da República e as mensagens públicas clarificadoras do PCP e do BE permitem-nos equacionar a possibilidade da esquerda ter forte protagonismo no espectro político português, restando ao PS interpretar o resultado eleitoral e viabilizar ou não a construção de alternativas para coligações parlamentares. Entretanto, foi eleito um deputado do PAN, do qual ainda não percebemos que posicionamento, terá.


Enquanto o partido com assento parlamentar mais à direita persiste em definir-se como “centrista” e o maior partido de direita se autoproclama de “social-democrata”, criaram-se “movimentos de cidadãos”, convencidos que a direita teria uma derrota histórica e que o Parlamento seria inundado por um sem-fim de “plataformas” de esquerda, designadamente com recados de “morte aos traidores”, apesar do contributo positivo de Mariana Mortágua ao ter afrontado com assertividade o homem, apelidado de dono disto tudo.

Entretanto, uma investigação recente sobre a qualidade da Democracia em Portugal [1], mostra-nos que apenas 56% dos portugueses acreditam que a Democracia é o melhor dos sistemas e mais de 75% dos entrevistados estão convencidos de que “os políticos se preocupam apenas com os seus próprios interesses”.

Parece-nos que a solução para qualificar e quantificar mais a Democracia passa pelo exercício livre da cidadania activa, desprendida de rótulos, sendo que todos devemos ser mais exigentes na defesa dos nossos interesses, mas acima de tudo estarmos capacitados para ceder na defesa do interesse colectivo e da verdade.

 

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[1] – “How People Understand Democracy: A Social Dominance Approach,” with Besir Ceka, in Mónica Ferrín and Hanspeter Kriesi (eds.), How Europeans View and Evaluate Democracy. Oxford: Oxford University Press. 2015.

– “Mobilization, Informal Networks and the Social Contexts of Turnout,” with Paolo Segatti and Tianjian Shi, in Paul A. Beck, Richard Gunther, Pedro C. Magalhães, and Alejandro Moreno (eds.), Voting in Old and New Democracies. Milton Park: Routledge. 2015.

 

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