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Nuno Rosmaninho
No primeiro semestre de 1945, os soldados soviéticos entraram na Alemanha e violaram dois milhões de mulheres, incluindo russas libertadas dos campos de aprisionamento nazis.
Estaline, de olhos postos em Berlim, confiante depois das incertezas por que passara, amenizava o horror com a grande literatura. «Leu com certeza Dostoiewski?», perguntou a um membro do Politburo jugoslavo, que se queixava das violações e pilhagens cometidas pelo Exército Vermelho na sua pátria. «Compreende que coisa complicada é a alma de um homem…? Muito bem, imagine então um homem que lutou de Estalinegrado a Belgrado… ao longo de milhares de quilómetros da sua pátria devastada, por cima do cadáver dos seus camaradas e entes queridos. Como pode um homem assim reagir normalmente? E o que é que tem de tão horrível divertir-se um pouco com uma mulher depois de tais horrores?»
Hitler insurgia-se contra o comportamento civilizado dos norte-americanos e ingleses, que, invocando os tratados internacionais, tratavam os prisioneiros alemães de acordo com os direitos humanos neles estabelecidos. Assim, barafustava Hitler, os soldados que que deviam defender o nazismo entregavam-se com demasiada facilidade, ao contrário do que sucedia na frente russa, onde lutavam até à morte, por ser esta um destino melhor do que a captura.
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