A Bossa Nova de Marcelo

E é essa flexibilidade de acção que lhe permite, ao almoço dar um rijo abraço a Lula da Silva e, à merenda, outro estreito abraço a Jair Bolsonaro, o ainda presidente do país irmão.

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  • 22:00 | Segunda-feira, 02 de Agosto de 2021
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A propósito da visita do Presidente da República Portuguesa ao Brasil, veio-me à cabeça a música “Desafinado”, do saudoso João Gilberto, cujos versos começam assim:

“Se você disser que eu desafino, amor, saiba que isto em mim provoca imensa dor…”

Nada a ver, dirá o leitor. Pois outrotanto digo eu. Em matéria de diplomacia externa, Marcelo Rebelo de Sousa ainda terá lido os “cahiers” de Franco Nogueira, Marcelo Caetano e Rui Patrício, tornando-se um habilíssimo “foreign minister”e actuando sem desafinações.


E é essa flexibilidade de acção que lhe permite, ao almoço dar um rijo abraço a Lula da Silva e, à merenda, outro estreito abraço a Jair Bolsonaro, o ainda presidente do país irmão.

De realçar a contumaz coerência na asneira de Bolsonaro e seus apóstolos, que insistiram em marcar a diferença, apresentando-se todos, no seu polémico negacionismo, sem a máscara do exemplo e da praxe, por oposição à mascarada comitiva lusa.

Foi assim uma espécie de Bossa Nova a dois tempos, mais uma vez a marcar o ponto de uma fanfarronice mais próxima do crime do que de uma desafinação pontual, num momento em que o Brasil se aproxima dos 600 mil óbitos vítimas da pandemia e com o número em crescente expansão, o que o coloca no 2º lugar mundial logo atrás dos EUA, onde durante quatro anos pontificou outro negacionista iluminado, Donald Trump.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião