Vós, que sereis os idosos de amanhã

Abruptamente constatou-se, da pior maneira, que na maioria deles não existia um plano de contingência para uma situação deste tipo. Mas onde havia, afinal?

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  • 20:39 | Terça-feira, 31 de Março de 2020
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Vós, que sereis os idosos de amanhã… reflecti por instantes e perdei dois minutos da vossa atarefada vida: É assim que quereis acabar?

O coronavírus, inesperado, impensado e súbito apanhou o mundo inteiro desprevenido.

De repente, face a um surto epidemiológico sem precedentes na memória humana (peste negra, pneumónica… esquecidas), o covid-19 ou síndrome respiratória aguda grave, deu uma brutal reviravolta nas nossa vidas e deixou-nos estupefactos perante a calamidade circundante, na qual, nem todos infelizmente ainda parecem crer…


Os idosos são a faixa etária mais fragilizada e susceptível de contágio. Fragilizados por diversos outros motivos, decerto não mereciam mais este pesadelo para os tempos derradeiros das suas existências.

Muito se falou – alguns políticos foram nisso pródigos para justificarem protelar reformas, impostos e medidas duras – no aumento da esperança de vida, da crescente longevidade… Naturalmente. Mas que é ela sem qualidade de vida? Mais uma “peste grisalha”, como alguém um dia lhe chamou?

Ao que se vê, ouve e lê, os Lares de 3ª Idade, IPSS’s e Misericórdias onde milhares dos nossos idosos vivem não estavam, também eles, também o SNS, também todos nós afinal, preparados para enfrentar esta atroz realidade. Confinados nos seus recantos, os nossos idosos foram infectados – e não primeiros portadores de vírus – pelos familiares e amigos que os visitavam e eram portadores de carinho e afecto, infectando também inúmeros funcionários dessas instituições.

Abruptamente constatou-se, da pior maneira, que na maioria deles não existia um plano de contingência para uma situação deste tipo. Mas onde havia, afinal?

Os momentos trágicos e angustiantes que se viveram só serão cabalmente conhecidos de quem foi deles protagonista. A nós, espectadores no exterior deste drama terrível, corações contraídos, resta-nos saber se devemos ou não, definitivamente, encarar a velhice com respeito, com consideração, com amor…

Iludidos que todos somos, recusamos ver que TODOS seremos os idosos de amanhã e que, para esse futuro que chega rápido, deveremos ponderar se queremos que nos façam aquilo que estamos a fazer.

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