Vil canalha

A Associação 25 de Abril cunhou sua medalha, fez seus pins, imprimiu o seu cartaz. Todos os anos o faz e a imagem é sempre de alento, esperança e alegria. Desta feita, quando são volvidas quatro décadas, o cartaz é muito simples: fundo vermelho e a branco, ocupando toda a altura, um ponto de interrogação […]

  • 21:09 | Quinta-feira, 24 de Abril de 2014
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A Associação 25 de Abril cunhou sua medalha, fez seus pins, imprimiu o seu cartaz.
Todos os anos o faz e a imagem é sempre de alento, esperança e alegria.
Desta feita, quando são volvidas quatro décadas, o cartaz é muito simples: fundo vermelho e a branco, ocupando toda a altura, um ponto de interrogação ente as duas datas 1974 ? 2014.
Este ponto de interrogação pode ter várias leituras. É um sinal que geralmente aparece nas perguntas. Mas aqui nada se pergunta… Aparece também como sinal de dúvida. Um ícone que pode querer dizer estranheza, hesitação, incerteza, indecisão, perplexidade…
O contrário de certeza.
Talvez seja essa a mensagem daqueles que fizeram Abril: a dúvida sobre o caminho desviado dos ideais da democracia.
A pergunta por todos nós já formulada: Para onde vamos?
A estranheza pelo caminho que se está a seguir.
A hesitação da atitude a tomar perante a realidade dos factos.
A indecisão sobre este estado de sítio.
A perplexidade pelo rumo tomado e pela passividade de um povo que se deixa espoliar das suas democráticas conquistas enquanto, alheio, vibra a toque de golos.
O 25 de Abril assim deixado nas mãos dos seus destruidores, tão nocivos quanto aqueles que o Movimento das Forças Amadas derrubou com um golpe de estado.
O 25 de Abril valeu a pena?
Decerto que sim.
Pena foi dele emergir tal e tão vil canalha…
E o ponto de interrogação pergunta-o: Como foi possível?
post scriptum: o ano de 1974 vem no verde de Portugal; o ano de 2014 vem no negro de luto…

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Publicado em Editorial