Valha-nos São Fiacre… que não faz figura de parvo.

A CMV de Viseu tem um inegável mérito: O da comunicação. É de tal forma o afã na “coisa” que corre o risco de gastar mais na publicidade das obras do que nas obras propriamente ditas. Ou de publicitar a anteriori obras que possam, eventualmente, não vir a ser feitas a posteriori… Mas tal não […]

  • 16:13 | Sábado, 29 de Março de 2014
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A CMV de Viseu tem um inegável mérito: O da comunicação. É de tal forma o afã na “coisa” que corre o risco de gastar mais na publicidade das obras do que nas obras propriamente ditas. Ou de publicitar a anteriori obras que possam, eventualmente, não vir a ser feitas a posteriori…
Mas tal não é novidade. Nos tempos que correm, dominados pela “notícia”, a vitalidade comunicacional emprega grande número de potencialidades desta autarquia e gastará decerto gorda fatia do seu orçamento. A era do parecer mais que do ser.
Noticiava a Lusa a 27 deste mês que a senhora câmara abria “concurso de um milhão de euros para manutenção de jardins”.
É pena que nem todos os concursos sejam assim tão opulentamente noticiados. Longe de nós pensar que até possa existir alguma situação sem concurso, daquelas que se fragmentam em parcelas pequeninas.
Por esta eficaz nova ficamos ainda a saber que tal concurso é “para que diferentes empresas assumam a manutenção…”. Ressalvando-se a essência da questão e bandeira da isenção: há fartura, sim, mas é repartida.
Que o facto de Viseu ser conhecida como ‘cidade-jardim’ implica muitos gastos”, que “é algo que prezamos todos, mas custa muito dinheiro ao município (…) esta imagem de marca”.
E aqui, neste esforço despendido, nesta energia, neste milhão de euros, neste prado apapoulado evidencia-se o empenho deste primaveril autarca em questões de jardinagem, tulipas, cravos, margaridas e rosas. Temos agenda!
Que “os trabalhos mais minuciosos e caprichosos (…) continuam a ser tratados pelos jardineiros da Câmara” … “são pessoas felizes com o seu trabalho, porque sentem que muita da imagem de Viseu tem a ver com o seu trabalho” (…) ” É sagrado” manter o epíteto de “cidade-jardim“.
Sobra a fatia gorda e carinhosa para os jardineiros-felizes da autarquia. E é até coisa sagrada, o epíteto (Deus lhe perdoe…).
Este desrazoado anedotário e o milhão da jardinagem não são porém coerentes com as lixeiras e bairros-da-lata que vemos por aí fora, com os desmandos de muitos empreiteiros e seus estaleiros ao Deus-dará, sem fiscalização nem controle, com a imundície de muitos ex-libris do património local. E este desfasamento  far-nos-ia crer, se fossemos cépticos, que a bota, algures, não bate com a perdigota. Mas somos crentes… embora da facção São Tomé: ver para crer.
As flores são para este autarca, percebe-se agora, tão importantes como as rotundas eram para o outro. E no fundo, coerentemente, entende-se que as segundas sem as primeiras parecem o estaleiro de obras de um “brasileiro”.
Obviamente que esta megalomania é paga por nós todos… e, pelos vistos, muito apreciada também pelos vereadores da oposição.
Valha-nos São Fiacre que é o padroeiro dos jardineiros, dos fabricantes de tijolos, telhas e manilhas de barro e na França, dos motoristas de táxi. O que, a bem dizer, está tudo relacionado…
 

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