Um governo carecido de conselhos

Com 17 ministros e 40 e tal secretários de estado, tinha reunido uma plêiade suficientemente abrangente de governantes para um sucesso estrondoso. Isto é, se o êxito se medisse desta forma… O que parece não ser tão verdadeiro quanto isso.

Texto Paulo Neto Fotografia Direitos Reservados (DR)

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  • 14:50 | Quinta-feira, 04 de Junho de 2020
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Este governo de António Costa fica para a História da democracia portuguesa pela lata dimensão do número de integrantes.

Com 17 ministros e 40 e tal secretários de estado, tinha reunido uma plêiade suficientemente abrangente de governantes para um sucesso estrondoso. Isto é, se o êxito se medisse desta forma… O que parece não ser tão verdadeiro quanto isso.

Se efectivamente nenhum português consegue, numa perspectiva optimista, identificar pelo nome mais de 2 secretários de estado, também no que toca a ministros e tirando os nomes de Mário Centeno, Marta Temido, Pedro Siza Vieira e talvez Eduardo Cabrita, aposto que apenas 1 a 5% dos portugueses consegue juntar nome à respectiva pasta.


É provável que o defeito seja dos nossos concidadãos, cada vez mais desiludidos e descoroçoados com a praxis política nacional, deste e de anteriores governos, que mais se evidenciaram pela negativa e pelo descrédito que pela actuação positiva e merecedora de louvor.

Talvez por isso, o primeiro-ministro António Costa, fidelíssimo aos seus pares mesmo quando eles, nalguns casos, não mais mereceriam que imediata exoneração, foi convidar um outsider para conselheiro governamental. António Costa e Silva, engenheiro, professor, administrador e de cor política indeterminada.

Porventura por ainda nos lembrarmos de outro conselheiro, também António, mas Borges, nomeado por Pedro Passos Coelho, a primeira e espontânea reacção foi de aversão à ideia.

Mas depois de ouvirmos o conselheiro em entrevista à TSF aqui reproduzida e de lermos plurais intervenções suas a diversos jornais, aos poucos fomos mudando de opinião e percebendo que o homem tem ideias extraordinárias – que podem ser só meras teorias – e que é um visionário que se deve doravante seguir com muita atenção. Mais, este conselheiro vem colaborar pro bono com o seu homónimo António Costa, o que é, releve-se, um caso raríssimo de cidadania participativa.

O primeiro-ministro, apesar de todas as adversidades ou talvez por causa delas e da sua gestão do surto pandémico, está em alta nas sondagens de opinião, atingindo a quase maioria absoluta com 40,3% nas intenções de voto dos portugueses. O que à partida parece um paradoxo face ao anteriormente exposto. Mas talvez não e tal só prove que e independentemente das menos-valias de muito membro de governo, a sua liderança forte e secundada por dois ou três ministros prova que uma equipa pequena, coesa e inteligente supera o anonimato da maioria e mais, consegue transcender as recorrentes imbecilidades de alguns…

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