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Paulo Neto
Sim, a corrupção é uma tremenda praga. Se em Portugal custa mais de 18 mil milhões de euros por ano, no conjunto da EU custa um total de 904 mil milhões de euros/ano.
Esta semana trouxe-nos mais um exemplo de tal prática e ao mais alto nível por envolver uma vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, detida em flagrante delito no âmbito de uma operação relacionada com um país do Golfo, provavelmente o Qatar.
As investigações da polícia belga inserem-se numa macro operação a membros do Parlamento Europeu por crimes de “organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro”.
Com Eva Kaili e para já, foram também detidos Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Internacional dos Sindicatos, Pier-Antonio Panzeri, antigo eurodeputado, um seu assistente parlamentar, o companheiro de Kaili, Francesco Giorgi, e agora, a mulher e a filha de Panzeri, Maria Colleoni e Sílvia Panzeri por suspeição de cumplicidade nos delitos apontados. Seguiu-se Niccolò- Talamanca director da ONG No Peace Without Justice centrada na promoção dos direitos humanos no Médio Oriente e Norte de África.
Segundo a polícia belga a entidade corruptora é um país do Golfo que age no sentido de influenciar decisões político-económicas do Parlamento Europeu.
Intervenções de Eva Kaili que chegou a considerar o Qatar como “pioneiro em matéria de direitos laborais, nomeadamente para com os milhares de migrantes chegados para a construção dos mega estádios para a Taça do Mundo de Futebol, dos quais terão morrido 6.750 no decurso dessas obras, podem indiciar ser este o país envolvido neste processo de corrupção.
“O Qatar é a prova de como a diplomacia do desporto pode conseguir uma transformação histórica de um país com reformas que inspiram o mundo árabe. Eu própria digo que o Qatar é líder nos direitos laborais”, afirmou Eva Kaili no PE.
Veja aqui essas declarações https://www.youtube.com/watch?v=_WAcM97zIEg
Em suma, não seria lógico e humanamente justo que os milhões de euros gastos em lavar uma imagem “suja” fossem despendidos em prol da concreta melhoria das condições de trabalho desses milhares de migrantes? Ou a via enviesada será o mais curto caminho para fazer de contas que os direitos humanos, em certos países, são uma preocupação concreta dos seus governantes?
(Foto DR)
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