Serão os potenciais lucros com a epidemia uma vergonha para a banca?

De forma simples e sem querer cair em populismos redutores, quando contabilizarmos as vítimas mortais e finais do Covidos19, em derradeira instância, porque não admitirmos que os biliões sugados poderiam ter eficazmente contribuído para salvar a vida de centenas ou milhares de nossos compatriotas?

Texto Paulo Neto Fotografia Direitos Reservados (DR)

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  • 20:54 | Sexta-feira, 03 de Abril de 2020
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“Se a banca apresentar em 2020 e 2021 lucros avultados, esses lucros serão uma vergonha e uma ingratidão para com o povo português”

Poucos discordarão desta frase proferida pelo presidente do PSD, Rui Rio, na Assembleia da República, durante o debate parlamentar de início do mês, mas por ele dita e desta forma lapidarmente assertiva, ela reflecte certamente o sentir de 10 milhões de portugueses.

Há bem pouco tempo escrevi uma crónica subordinada ao título “Céu de abutres”, que pode ler aqui.

Nela referia que a banca em Portugal, de 2008 a 2017 custou aos contribuintes cerca de 17 mil milhões de euros (fonte Tribunal de Contas).


Sem demagogias e partindo do princípio que o novo Hospital para Lisboa custaria 350 milhões de euros e um Hospital para Sintra pode custar 52 milhões de euros, não é descabido pensar e por mera hipótese académica que, com o dinheiro entregue por todos nós à banca, se poderiam construir aproximadamente 50 novos hospitais em Portugal.

Ora se há 18 distritos no nosso território, além das unidades hospitalares que já temos, mais duas se podiam construir por distrito, sobrando ainda uma mão-cheia delas para as cidades mais populosas do continente e para as ilhas.

De forma simples e sem querer cair em populismos redutores, quando contabilizarmos as vítimas mortais e finais do Covidos19, em derradeira instância, porque não admitirmos que os biliões sugados poderiam ter eficazmente contribuído para salvar a vida de centenas ou milhares de nossos compatriotas?

Por isso a oportuna intervenção de Rui Rio ao pôr o dedo bem em cima da profunda ferida:

“A banca sabe perfeitamente que se as empresas morrerem, a banca morre com elas. Vamos acreditar que vamos ter uma banca actuante a apoiar as empresas, o crescimento, o emprego e a pagarem aos portugueses aquilo que eles tanto lhe deram.”

Todavia se as suas palavras são certeiras, os destinatários que são aparentemente cegos, surdos e mudos, nada terão visto, nada terão ouvido e nada terão a dizer perante a calamidade que nos assola e ao mundo, em geral.

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