Sampaio da Nóvoa e a Queiriga

  O candidato à presidência da República, Sampaio da Nóvoa, vem a Viseu no próximo sábado. O mais interessante desta visita, para além das tradicionais e obrigatórias idas ao mercado 2 de Maio e à Feira de S. Mateus é ter privilegiado a aldeia da Queiriga, no concelho de Vila Nova de Paiva, para passar a […]

  • 10:33 | Sexta-feira, 21 de Agosto de 2015
  • Ler em 2 minutos

 
O candidato à presidência da República, Sampaio da Nóvoa, vem a Viseu no próximo sábado.
O mais interessante desta visita, para além das tradicionais e obrigatórias idas ao mercado 2 de Maio e à Feira de S. Mateus é ter privilegiado a aldeia da Queiriga, no concelho de Vila Nova de Paiva, para passar a sua tarde.
Queiriga foi um “stud case” porque nas décadas de 60 e 70 se tornou a localidade de Portugal de onde e proporcionalmente mais emigrantes saíram para França.
Terra pobre, com casebres rasteiros em granito mal esgalhado e telhados de colmo, viviam as suas gentes do amanho da terra sáfara e das minas da Lousadela, a 3 quilómetros mal medidos, exploradas pelos ingleses, onde labutavam de sol a sol, duramente, mal pagos e com terríveis condições de trabalho.
Avara, a terra, madrasta, a Pátria, os seus filhos partiram, um a um, “a salto” para a longínqua França.
O governo, envergonhado com o êxodo migratório que se fazia sentir um pouco por toda a parte, proibiu a emissão de passaportes pelos governos civis, levando este povo humilde e em massa a entregar-se nas mãos dos “passadores”, que os levavam clandestinamente, pela calada da noite, amontoados na carga fechada das Peugëots 203 até às faldas dos Pirenéus onde eram despejados, a tiritar de frio, com a sacola ao ombro e as chancas nos pés de meias de Alvite calçados e, perante o dedo apontado que dizia “É ali, a França!” lá desciam, aos tropeções, por aquela agreste montanha, até Pau onde, em geral, iam trabalhar para os mais difíceis mesteres, mas e nomeadamente, para a cultura e apanha da beterraba.
Sem “permis de séjour”, com um posto consular de 2 funcionários entretanto encerrado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, viviam em “bidonvilles” e, assim que podiam, subiam ao Consulat Général de Portugal à Paris (Rue Edouard Fournier, Paris XVIè) para, em filas intermináveis, na longa e fria noite invernosa da capital, chegarem ao guichet salvador que lhes conferiria a autorização de permanência.
Estes emigrantes da 1ª geração, os dos anos 60, passaram de Pau, departamento 64 ao “banlieue” de Paris, o 91, e em poucos anos, mais de um milhão, tornaram-se a maior fonte de divisas do Estado português, ascendendo em França social e profissionalmente pela sua tenacidade e suas indómitas qualidades de trabalho.
Vieram os emigrantes da 2ª, da 3ª geração… Mas essa História está por contar. Verdadeiros “laparotozinhos do planalto” lançados no bréu dos Pirinéus em busca da vida que Portugal lhes negou… viveram uma imensa e heróica saga.
Sampaio da Nóvoa vai no sábado à Queiriga. Prestar homenagem a esses portugueses tão injustamente “ignorados”. É um gesto que marca a diferença…

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial