Salmonelas e festarolice?

    Decerto que não e muito cumpre aqui louvar o espírito de organização e mobilização dos responsáveis pelo 1º Festival Naturafest. Porém, num quotidiano da imprensa regional lia-se um artigo oriundo de um comunicado de imprensa da direcção um partido político local, cujas “key words” eram: “Salmonelas, cianobactérias, Lugar do Banho, Alcafache, incúria e […]

  • 14:16 | Sexta-feira, 17 de Junho de 2016
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Decerto que não e muito cumpre aqui louvar o espírito de organização e mobilização dos responsáveis pelo 1º Festival Naturafest.
Porém, num quotidiano da imprensa regional lia-se um artigo oriundo de um comunicado de imprensa da direcção um partido político local, cujas “key words” eram:
“Salmonelas, cianobactérias, Lugar do Banho, Alcafache, incúria e irresponsabilidade, 1º Festival Naturafest, programa Viseu Terceiro, mil pessoas sábado e o dobro no domingo…”
Perante o que depreendemos, e ao abrigo do “Viseu Terceiro” – Programa de Apoio Directo à Cultura e à Criatividade (com uma dotação, crê-se, de 400 mil euros), um grupo de empreendedores concorreu e foi contemplado com o seu projecto tendo organizado o 1º Festival NaturaFest de Alcafache, ver aqui:
http://www.viseunaturafest.pt/
Entretanto o referido partido político, o BE alerta, denuncia e critica a CMV. Porquê?
Porque segundo o dirigente local, no sábado acorreram mil pessoas e o dobro no domingo, convidados pela organização a levarem fato de banho e toalha para aproveitarem a refrescar-se no denominado “Lugar do Banho” – nome mais que chamativo e estimulante.
Porém, segundo a mesma fonte, tal local está infestado de salmonelas e cianobactérias, facto que o executivo camarário bem conhece, por ter sido para ele mais que uma vez alertado em sede própria.
Afinal o que provocam as salmonelas e como podem transmitir-se?
Provocam gastroenterite, septicémia, náuseas, vómitos, diarreia, calafrios, febre, cefaleias.
Podem transmitir-se, entre outras, por ingestão de águas contaminadas.
Quais os principais factores de risco?
Idade, imunossupressão, AIDS, leucemia, anemia, menor acidez gástrica, febre alta.
Onde se aloja?
O trato intestinal do homem e dos animais é o principal reservatório deste patógeno, assim como os alimentos de origem aviaria são uma importante via de transmissão.
Em consequência, estamos perante um caso de Saúde Pública cuja autoridade deve ter intervindo profilacticamente, assim como a Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território, a Quercus, etc.
Não obstante, o problema é mais simples… e não terá a ver com a simplista desculpa invocada da sinalização “Banhos não Aconselháveis” onde devia ler-se “Proibido tomar banho”.
A CMV até é uma mãos-rotas a gastar verbas em sinalização vertical de todos os tipos, género “dog-shit”… o problema parece residir na incoerência/inconsequência e eventualmente incompetência no alcance de muitos dos actos pelos quais é directa ou indirectamente responsável; o problema é que este executivo não abarca com o mínimo exigido de visão crítica os eventos que patrocina; o problema é que esta edilidade concentra a sua macro aposta de serviço público na “festarolice”; o problema é que esta câmara parece estar-se borrifando na saúde e bem-estar dos seus munícipes a quem vai dando o pão do circo, não cuidando de apurar se está recesso e se o munícipe ainda tem dentes para o comer.
Isto e mais explicarão que não se vá à(s) causa(s) do(s) efeito(s): afinal de onde vêm as salmonelas e as cianobactérias que tornam o lugar em causa um risco para a saúde pública? Quem as produz? Há esgotos a contaminar o local? Ou existirá a montante alguma exploração agro/pecuária a contaminar as águas? Ou as bactérias nascem de geração espontânea? O que foi feito para obviar a esta situação? Quem é o vereador camarário responsável por esta eventual negligência? O que fez para obviar a situações deste teor, prejudiciais para os utentes, para a localidade e, até, para a entidade organizadora do evento, que não tem culpa nenhuma, antes sendo, também, uma mera vítima da insalubridade do local?
Mas, sejamos consequentes: resposta a tal estado de coisas já seria pedir demais a um executivo tão fraquinho…
 
 

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Publicado em Editorial