Reciclagens no PS

  “Insinuar não significa dizer qualquer coisa de preciso, serve apenas para lançar uma sombra de suspeita…” Umberto Eco, “Número Zero“, Gradiva   Interessante, um artigo publicado no semanário Sol da semana passada. Sob o título “Seguristas à espera de um sinal de Costa“, começa por apresentar uma fotogaleria com Álvaro Beleza, o”negociador de serviço“, […]

  • 9:59 | Segunda-feira, 15 de Junho de 2015
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Insinuar não significa dizer qualquer coisa de preciso, serve apenas para lançar uma sombra de suspeita…”
Umberto Eco, “Número Zero“, Gradiva
 
Interessante, um artigo publicado no semanário Sol da semana passada. Sob o título “Seguristas à espera de um sinal de Costa“, começa por apresentar uma fotogaleria com Álvaro Beleza, o”negociador de serviço“, desinteressado num lugar de deputado mas que “não vai ao ponto de recusar responsabilidades”. Que o mesmo é dizer “nim, mas estou aqui”.
Maria de Belém que “quer ser” candidata à presidência da República. Óptimo. Mais um. Ou melhor, uma. Se também funcionasse por cotas, após Eanes, Soares, Sampaio e Cavaco… estaria na altura de uma presidência no feminino. Assim, é mais provável sair-me o euromilhões… com o enxame de zangões a zunir por aí.
Eurico Brilhante foi o único “afortunado“, o artigo até refere que “tem futuro” — mas isso até os mortos! — pois “passou da direcção de Seguro para o gabinete de estudos que preparou o programa eleitoral do PS“.
Sobre Alberto Martins, o porvir afigura-se sombrio pois “passou a ser quase invisível” — estranho estatuto, este do “quase”…
Entretanto vêm os outros, os “que mudaram de vida“. Luís Bernardo, da comunicação social segurista passou para a promoção da imagem do Sporting, Óscar Gaspar, ex-conselheiro económico que foi para a Merck, Sharp &  Dohme e Miguel Ginestal, o nosso estimado viseense, que foi de mala aviada para a Apifarma.
O artigo fala ainda em “nervosismo” e em “fantasma de uma limpeza socialista“, acrescentando sem revelar a fonte — um deputado segurista — “O que dou conta é de uma incerteza. Ninguém sabe de nada a não ser o próprio Costa.”
 
No fundo não percebemos esta admiração… Se mudou o líder do PS, não terá o direito e o dever de se rodear dos seus apoiantes? Ou deveria estar, como Madre Teresa de Calcutá, a chamar a si, em estilo Cristo-Rei, os “inimigos”, os opositores, aquelas que cerraram duras fileiras contra a sua candidatura e eleição, tudo fazendo para a sua derrota?
Esta gente agora posta na “salgadeira” conhece melhor que ninguém as regras do jogo e os pressupostos da alternância democrática. A não ser que se auto presumam como insubstituíveis, qualquer que seja o líder e a política seguida, a não ser que não existam fora das trincheiras políticas e das sinecuras que ela comporta, a não ser que não saibam “ser” fora da política, porque há anos que à sua sombra se perfilam e convizinham.
Porém, parece não ser o caso. Alguns descobriram a sua recém-apetência e competência pelo “negócio da aspirina”, talvez porque seja mais agradável e profícuo um lugar de consultor na Apifarma do que o de professor em São Pedro do Sul. Também não deixa de ser interessante esta faceta acolhedora das farmacêuticas… já Sócrates havia sido cooptado (?) por Lalanda Castro, da Octapharma. Haverá dedo de algum ex-bastonário?
 
Em suma, a parte “assassina” do artigo em questão é a da LIMPEZA (num toque estalinista); é a da DIVISÃO, com o “nervosismo” grassante e a da INCERTEZA, com o esfíngico Costa rodeado de “conspiradores”, a não confiar que em si mesmo.
Será esta a verdade dos factos? A quem serve/convém esta visão do actual PS?

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Publicado em Editorial