Quantos canis tipo Santo Tirso haverá em Portugal?

O resto, além das dezenas de animais mortos pelo fogo, fica nos cadáveres em sacos plásticos metidos em contentores, nos animais no chão mortos, nas ossadas calcinadas, no estado de saúde dos sobreviventes com patologias anteriores ao incêndio, sarna, feridas expostas, subnutrição, etc.

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  • 18:56 | Segunda-feira, 20 de Julho de 2020
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O fogo que se declarou na Serra da Agrela, em Santo Tirso, pôs às claras a situação de um canil ilegal onde, pelo que se está a apurar, eram cometidas actos mais próprios de bárbaros que de gente civilizada.

Esse canil, que não merecerá sequer o nome, era explorado por duas mulheres, mãe e filha, que aqui terão encontrado um “negócio” de alguma prosperidade com os donativos que recolhiam de particulares, uniões zoófilas e, eventualmente da autarquia local.

Autarquia local que já comunicou “A Câmara Municipal de Santo Tirso lamenta a morte dos 54 animais, 52 cães e dois gatos, que se encontravam no abrigo” mais acrescentando “lamentável que esta situação esteja a ser alvo de instrumentalização política” e concluindo “quando o incêndio foi dado por dominado, já de madrugada, e na sequência do período de rescaldo, foi possível retirar com vida 110 cães que se encontravam no abrigo de animais” …

Vale o que vale, este lavar de mãos. Quando os focos mediáticos caem sobre uma autarquia – e esta tem sido objecto nos últimos tempos de muito palco, pelos piores motivos – há que organizar um discurso que, contrariando os factos, dê uma ideia, não só de vitimização como também de “bons sentimentos”. Por isso, a autarquia – a quem só os ingénuos reconhecerão o desconhecimento desse canil ilegal – fala em aproveitamento político para denegrir a sua imagem e mais, acresce a sua preocupação (agora?) com o bem-estar dos animais.


Este “canil” ilegal já tinha sido alvo de denúncias ao MP que este arquivou por nelas não achar fundamento. Será que foram ao local ver o que lá se passava? Ninguém com responsabilidades públicas no concelho deveria ignorar a sua existência e a realidade do que nele se passava.

O resto, além das dezenas de animais mortos pelo fogo, fica nos cadáveres em sacos plásticos metidos em contentores, nos animais no chão mortos, nas ossadas calcinadas, no estado de saúde dos sobreviventes com patologias anteriores ao incêndio, sarna, feridas expostas, subnutrição, etc.

Lavar de tão macabra realidade as mãos como Pilatos, ou como o vereador camarário a posteriori presente no local enfeitado com o colete da Protecção Civil mas sem respostas para dar, é a imagem que fica a manchar um concelho laborioso, de gente íntegra e honesta, à mistura com os outros, para os quais não encontramos o ajustado epíteto…

Talvez agora o MP dê razão à queixa que ignorou… e aja de acordo com a Justiça.

 

(Foto DR)

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Publicado em Editorial