Permissividade dos pais… má educação dos filhos

    Num jantar em casa de amigos, um jovem pai de dois filhos referia: “Há restaurantes que não aceitam crianças.” Achei esta afirmação quase inconcebível e respondi: “Nunca tive oportunidade de constatar tal coisa nem tão pouco vi em nenhum restaurante placa afixada com tal interdição. A ser verdade, isso terá contornos de ilegalidade…” “Há várias formas […]

  • 22:55 | Terça-feira, 12 de Agosto de 2014
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Num jantar em casa de amigos, um jovem pai de dois filhos referia: “Há restaurantes que não aceitam crianças.”


Achei esta afirmação quase inconcebível e respondi: “Nunca tive oportunidade de constatar tal coisa nem tão pouco vi em nenhum restaurante placa afixada com tal interdição. A ser verdade, isso terá contornos de ilegalidade…”

“Há várias formas de dissuasão. Basta entrar numa sala, semi-vazia e o empregado chegar junto a si, contrariado e dizer-lhe com ar carrancudo: Vai demorar pelo menos 45 minutos a ser servido…”, retorquiu.

Fiquei a pensar naquela conversa, perante uma realidade nova, que desconheço (talvez por não ter filhos), com a qual nunca deparei, mas incapaz de pôr em causa as palavras proferidas, até e porque o interlocutor é uma pessoa absolutamente insuspeita e credível. A ser verdade, o acto é sectário, discriminatório e não sei se ilegal. Como é possível que um restaurante condicione o seu acesso a clientes por terem filhos menores?

Por mera coincidência e acaso, na semana seguinte fui convidado para cear num turismo rural que propunha fados a partir de uma certa hora. Na mesa ao lado da minha estavam dois casais com três crianças. Aquela mesa parecia um campo de futebol. Berreiros, gritaria, arremesso de talheres e pão, um copo partido, etc. E tudo isto durante uma longuíssima hora perante a impavidez e impassibilidade dos progenitores, que mais pareciam alheados de tanta “vitalidade”.

Criou-se um perímetro de mal-estar crescente. Os empregados estavam nervosos. Os músicos não disfarçavam a sua incomodidade. Os restantes comensais mostravam a sua irritação e desconforto.

E percebi, percebi que o “justo paga pelo pecador”, percebi que a falta de educação e de respeito de alguns coage a liberdade e o bem-estar de muitos. Lembrei-me das poucas vezes que, em criança, tinha ido comer fora com meus pais. Do ritual que o acto comportava. Das recomendações prévias da minha mãe sobre o comportamento, de uma reprimenda de meu pai, quase sempre desnecessária mas prontamente acudida.

A culpa não é das crianças. Nunca é das crianças. É da falta de educação de alguns pais e da permissividade natural e alheamento com que encaram os comportamentos – por mais “bizarros” que sejam (e isto é um eufemismo!) – da sua descendência.

Quem não tem educação não sabe educar. Mas tal constatação dará direito a condicionar ou limitar a entrada num restaurante a casais com filhos?

 

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