Palavra de ordem: Mudar!

Há dias tão vazios de quase tudo, que nesse vácuo acabamos por encontrar o inesperado. De vez em quando há mudanças necessárias que fazemos dentro de casa, cansados da monotonia que o nosso habitat mais quotidiano acaba por revestir. Mudar móveis é coisa para quem sabe e pode, alterar a funcionalidade das divisões já requer […]

  • 22:15 | Sábado, 29 de Agosto de 2015
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Há dias tão vazios de quase tudo, que nesse vácuo acabamos por encontrar o inesperado.
De vez em quando há mudanças necessárias que fazemos dentro de casa, cansados da monotonia que o nosso habitat mais quotidiano acaba por revestir.
Mudar móveis é coisa para quem sabe e pode, alterar a funcionalidade das divisões já requer alguma energia imaginativa. E pronto, de uma assentada uma sala de jantar desceu um piso, uma sala de estar foi promovida, o escritório ganhou espaços novos no meio da babel livresca, a cozinha redescobriu-se e… ao fim, ou no meio do fim — o que quer que isto signifique, pois as mudanças são dinâmicas — os espaços ganharam rosto novo e os nossos passos rotinizados alteraram-se e, nessa alteridade ganharam novo ímpeto e dimensão.
Frequentemente, depois de criarmos a nossa “toca” esgotamos a capacidade de entrar em ruptura com o estabelecido, conformando-nos ao espartilho quase inelutável de um topos definitivo. E isso é muito mau…
Conheci em tempos uma casa de uns cidadãos nórdicos, gerada em grande open space, com divisórias amovíveis que se moviam em calhas, configurando-se inteligente e harmoniosamente em dezenas de cenários possíveis, plausíveis, diferentes. Um pragmatismo criativo  que não rima bem com o ser português.
Esta conversa toda tem a ver com dois factores distintos.
Primeiro, não devemos nunca aceitar a inevitabilidade do que quer que seja. Basta a morte…
Devemos gerar uma dinâmica criativa em nosso torno e em redor do ambiente físico que ocupamos, preferenciando a renovação, sempre que possível e de uma forma lúcida, organizando e desorganizando, pondo em causa — nesta mutabilidade existencial — os nossos gostos e preferências de ontem, não receando assumir as rupturas, por vezes tão indispensáveis à nossa sanidade mental, senão sobrevivência natural.
Segundo e mais prosaicamente… a televisão, no seu novo espaço, ainda não tem sinal por cabo. E é mau? Não… ela já não tinha grande uso, mas permitiu-me começar a descobrir os meus 1.254 vídeos que ainda estão dentro das embalagens de celofane originais, tal como foram paulatina e persistentemente comprados nesta última década.
E então, neste momento de deslumbrada atenção àquilo que deitamos para o canto, descobri algumas das maiores obras-primas de meio século de cinema.
Deliciado, passei a tarde a ver filmes. Uma “barrigada”! Já vou no terceiro, prática da qual há muito andava distraidamente arredado, desligado do prazer estético da 7ª arte, dos seus grandes realizadores e fantásticos actores.
Até quase me esqueci de escrever este meu diário editorial…
Há males que vêm por bem.
 

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