Os super-coisos

E eu a pensar que havia uma hierarquia qualquer do tipo juiz-estagiário, juiz, desembargador, conselheiro (ou vice-versa)… Mas pelos vistos não. Há também o super-juiz. Talvez como a gasolina, tenha mais octanas. Ou como o super-homem, com a kryptonite, mais potência… Os “media” são como um bom alfaiate: fazem excelentes fatos por medida. Também deve […]

  • 18:30 | Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014
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E eu a pensar que havia uma hierarquia qualquer do tipo juiz-estagiário, juiz, desembargador, conselheiro (ou vice-versa)… Mas pelos vistos não. Há também o super-juiz. Talvez como a gasolina, tenha mais octanas. Ou como o super-homem, com a kryptonite, mais potência… Os “media” são como um bom alfaiate: fazem excelentes fatos por medida.
Também deve haver o super-professor, como foi Crato. Dantes, no ensino superior até havia os turbo-professores que davam aulas em 13 universidades e institutos, ao mesmo tempo, sem ir a nenhum deles.
O super-investigador, como o Professor Pardal.
O super-cónego, como o Reverendo Bonifácio, de “Os Maias”.
A super-empregada doméstica, como a Dona Laurinda que trabalha em 3 casas por dia para manter os 4 filhos — dois já engenheiros, um a acabar o secundário — e o marido, todos desempregados.
O super-médico, que dá consulta simultânea em 4 hospitais.
O super-deputado, que está em 5 locais ao mesmo tempo sem sair do calor do “Clube do Povo”.
O super-político, como o Marques Mendes que integra centenas de CA e sociedades de que não se recorda quando a “coisa” dá para o torto.
O super-autarca, como o Almeida Henriques, espécie de faz-tudo de boca e faz-pouco de acto.
Nos tempos que correm, sobreviver com alguma dignidade já é motivo para sermos super-portugueses. Daquela estóica estirpe de Gamas e Cabrais, mas amolecidos por 5 séculos de enjoativo, atávico e monótono embalo hipnotizador.
“Mediocretizados” como refere João Jardim. Como os políticos do seu partido que ousam pôr um processo disciplinar aos deputados-correligionários eleitos pela Região da Madeira, por votarem contra (ou se absterem, sei lá eu!) no Orçamento de Estado. Os tais que vão dar “luta” por não admitirem aos montenegros do reino que se atrevam a levantar um dedo sequer que seja, quanto mais a espada.
Uma super-turbamulta a escanifrar-se histericamente com o “cante” do hino de seus interesses. Mas esses, ao menos, ainda pugnam pela sua ilha, enquanto que os do continente, se arrepelam todos para ver quem, mais celeremente esfarrapa completamente o rectângulo, que com a Espanha, um dia Ibéria, quase foi jangada. De pedra.

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Publicado em Editorial