Os novos bárbaros

  A queda do Boeing 777 da Malásia Airlines é um acto que tem de ser dilucidado até às derradeiras consequências. Primeiro e antes de mais, saber se a queda do avião e a morte de 295 civis foi devida a acidente ou, como se aventa em alguns cenários, ter sido um acto de terrorismo. […]

  • 10:58 | Sexta-feira, 18 de Julho de 2014
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A queda do Boeing 777 da Malásia Airlines é um acto que tem de ser dilucidado até às derradeiras consequências. Primeiro e antes de mais, saber se a queda do avião e a morte de 295 civis foi devida a acidente ou, como se aventa em alguns cenários, ter sido um acto de terrorismo. A ser o segundo caso existem pelo menos três hipóteses a considerar: Separatistas, ucranianos e russos, num abate feito por míssil.
O avião voava a dez mil metros de altitude. Os separatistas alegam não ter armamento para atingir uma nave àquela altitude. Ficam os ucranianos e os russos. E ainda, em benefício de dúvida, uma qualquer outra eventual situação a considerar.
De qualquer modo, a ser um acto terrorista, inaugura-se uma era nova de ataque a voos comerciais em territórios de guerra ou guerrilha. E os espaços aéreos perderão segurança e a confiança dos passageiros. Se eu quero ir de Amesterdão a Kuala-Lumpur terei que ir primeiro ver se sobrevoarei algum território em conflito e no caso afirmativo, arranjar, por segurança, alternativa ao voo, porque ninguém em nenhuma parte do mundo, dotado da maior autoridade possível, me pode garantir que o voo em que sigo não será alvo de um ataque.
Os separatistas propõem dois dias de tréguas para inspeccionar os destroços. A segunda caixa negra já foi encontrada. Não parece, agora e à luz dos procedimentos técnicos, ser difícil apurar as causas do despenhamento do Boeing. A não ser que a realidade seja tão terrível e temível que sobre ela se deite, urgentemente, uma pesada cortina de silêncio para evitar uma catástrofe de dimensões imprevisíveis. O que é absolutamente inaceitável…
Tudo é prematuro e ainda nada de concreto se sabe, mas a ser acto terrorista, se as Nações Unidas e todos os países do mundo civilizado não tomarem medidas punitivas exemplares, doam a quem doerem, nem que seja presidente de uma grande potência mundial… uma nova era de conflito, insegurança, terrorismo e impunidade se instalará no espaço aéreo mundial.
Enquanto isso, israelitas e palestinianos, à luz de fundamentalismos inaceitáveis, de radicalismos medonhos, de ódios irracionais, de braços de ferro insuportáveis, dizimam-se aos milhares. Mas nestes conflitos bélicos modernos, os senhores da guerra nunca perecem neles. Neles, as vítimas são milhares de civis, crianças, jovens, mulheres, idosos… a perderem as vidas num cenário de destruição, bestialidade e apocalipse.
O mundo da Antiguidade, milénios passados, não era tão bárbaro. A mentalidade humana, em muitos casos, regrediu séculos até a uma idade de trevas diabólicas nunca vista. Para onde caminhamos? O que faz o homem dito civilizado e as suas potências aprumadinhas para o evitar? Assobia para o lado e faz de contas que não se passa nada. Ou se passa, é lá tão longe que não o preocupa. Errado. Os fundamentalismos chegam a todo o lado e qualquer dia atacam-no, a si e aos seus filhos, à porta de sua casa… Lembram-se das Twin Towers?
 

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Publicado em Editorial