O vai-e-vem do Lomba

Casa roubada trancas às portas. É liminarmente disso que se trata, de arranjar um remendo tip-top para uma carcaça de pneu toda esfacelada.

  • 10:20 | Domingo, 15 de Março de 2015
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VEM… é a sigla de uma iniciativa governamental recém-congeminada, dirigida aos emigrantes e que significa “Valorização do Empreendedorismo Emigrante”.

Um secretário de estado adjunto de um ministro-adjunto, qualquer-coisa-Lomba apregoa este programa com muito optimismo e maior oportunismo.

Depois de Coelho e Maria Luís terem dito VAI aos jovens portugueses qualificados, vai lá fora onde encontrarás muitas oportunidades; depois da conjuntura económica ter gerado índices de desemprego brutais, os portugueses, como na década de 60, abandonaram o país para não morrerem à fome. Uma questão de sobrevivência.


Os mais jovens e todos aqueles que foram acolhidos pelos países para onde partiram, forçados e a contra-gosto, depois de terem passado, alguns, por agruras inimagináveis, percebem que o mais favorecido Lomba, que não teve que emigrar para viver, quer dar um ar de sua graça, mostrando o bom coração e a preocupação deste governo a parcos meses de eleições.

Casa roubada trancas às portas. É liminarmente disso que se trata, de arranjar um remendo tip-top para uma carcaça de pneu toda esfacelada.

Não dá, caro Lomba. Ademais, o cinismo da medida é tão flagrante que basta olhar com mais atenção para o seu conteúdo para perceber que estamos perante um logro a tentar iludir um qualquer emigrante mais saudoso, ou então, e aí encontrará algum êxito, a trazer de volta aqueles a quem a Europa nada deu e que, se engrossavam a fileira dos desempregados portugueses, foram engrossar as hostes dos novos pobres europeus. No fundo, uma deplorável e desesperada caça ao voto…

Este VAI à 2ª feira seguido de um VEM ao sábado é claramente o rosto distorcido de gozo de um governo taranta, sem medidas concretas exequíveis e de fundo, a tentar, uma vez mais, aí pela centésima vez em três anos e tal, defraudar os crédulos que ainda embarcam nas pataratices mentirosas e despudoradas de uma cambada em fim de ciclo.

Haja um mínimo de vergonha já que a sensatez nunca se sentou à lauta mesa da vossa “grande farra”…

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Publicado em Editorial