O que falhou no centro de testes ao Covid-19 de Viseu?

Soube-se que ao longo dos últimos quatro dias, ao invés de 400 possíveis testes, não foram realizados mais de 100, o previsto para um só dia.

Texto Paulo Neto Fotografia Direitos Reservados (DR)

Tópico(s) Artigo

  • 22:47 | Sábado, 28 de Março de 2020
  • Ler em 2 minutos

Não nos substituímos às autoridades de saúde. Este centro que estamos a instalar visa complementar o serviço prestado pelo Hospital de São Teotónio. Estamos a reforçar a capacidade de resposta em Viseu e, em simultâneo, a proporcionar condições de conforto e segurança aos cidadãos com sintomas que podem indiciar a infeção pelo novo coronavírus”

Estas foram as palavras inaugurais do autarca viseense, Almeida Henriques quando deu uma pomposa conferência de imprensa, a anunciar que Viseu teria um centro de rastreio para despistagem do Covid 19.

Estes centros foram instalados pelas autoridades de Saúde nacionais em todas as capitais de distrito. O de Viseu, provavelmente como todos os outros, e numa estratégia global, iria fazer as colheitas através da zaragatoa no nariz aos cidadãos que nem teriam necessidade de sair dos seus veículos para o efeito. Estava prevista uma média de 100 testes/dia e uma capacidade máxima para 144 testes diários.


Nas frases redondas em que é pródigo, no seu habitual plural majestático, Almeida Henriques foi adiantando, como amo a dar esmola ao aio:

“É preciso que as autoridades públicas de saúde aproveitem, agora, este reforço da capacidade instalada em Viseu, se possível já a partir de hoje”, e concluiu “Temos que ter um serviço mais próximo das populações…”

Enfim, de um profícuo trabalho conjunto com a Administração Regional de Saúde do Centro e Unilabs Portugal acabou por ter honras de estrelato a cedência de um espaço, no caso concreto, o terreiro em frente ao pavilhão multiusos de Viseu.

Todavia e ao que parece, após o charivari mediático, algo terá faltado na informação prestada aos utentes que ali se dirigiram e viram os seus intentos baldados pela não observância dos trâmites necessários para aceder ao teste, que deveriam passar por uma validação de um centro de Saúde que disponibilizaria ao utente um código que seria a sua “password” para o teste.

Por forma a “afinar” este decerto eficaz sistema proposto à população, bom seria que toda a informação, clara, objectiva e rigorosa fosse prestada, por forma a evitar constrangimentos graves e desnecessários e tornar para já num “flop” o que previsivelmente seria uma estrutura imprescindível.

Soube-se que nestes quatro dias, ao invés de 400 possíveis testes, não foram realizados mais de 100, o previsto para um só dia.

Se não se conhece nenhuma declaração das entidades públicas da região, se o único a apresentar-se aos microfones foi o autarca viseense, bom teria sido que tivesse veiculado a correcta e precisa informação aos seus munícipes, a fim de pragmaticamente dar corpo à propagada “política de proximidade.”

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Publicado em Editorial