O "finíssimo humor" dos sem-piada

Toda a gente sabe que o humor é para quem tem qualidade para o fazer. É por isso que verdadeiros humoristas são raros e não há “Araújos Pereiras”, por exemplo, ao dobrar da esquina. Toda a gente sabe que a ironia não está ao alcance de todos. Tão pouco o sentido das conveniências. Tão pouco […]

  • 11:56 | Segunda-feira, 18 de Março de 2019
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Toda a gente sabe que o humor é para quem tem qualidade para o fazer. É por isso que verdadeiros humoristas são raros e não há “Araújos Pereiras”, por exemplo, ao dobrar da esquina.

Toda a gente sabe que a ironia não está ao alcance de todos. Tão pouco o sentido das conveniências. Tão pouco a língua portuguesa.
Um semanário local não foi feliz ao fazer de “ceguinho” Fernando Ruas – até o diminutivo é ofensivo, ou será só um desejo carinhoso? – a ser guiado por Almeida Henriques, ciceronando-lhe as obras que este faz e aquele não vê.
Almeida Henriques é também vítima deste “humor”, não tendo a ver com quem o faz.
A cegueira é uma deficiência visual terrível para os seus portadores. Fazer da cegueira instrumento de brincadeira e de ficção política barata, não é sensato. Nem educado. Nem correcto. É só pires.
Os limites entre o humor e a ofensa são ténues. Por isso, poucos são humoristas.
Fernando Ruas tão pouco merece esta chacota. Talvez por ter deixado de ser presidente da Câmara de Viseu; por ter deixado de ser eurodeputado; talvez por não ser fértil fonte de publicidade paga… talvez por isso o creiam esvaziado de poder.
Fernando Ruas já foi combativo. Terá perdido essa combatividade e, curiosamente, é o próprio periódico onde perora que o faz de “ceguinho”.
Quem o viu e quem o vê…


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Publicado em Editorial