O "Diário de Viseu" e os nossos discípulos

      É sempre bom termos discípulos no entendimento de que discípulo é “aquele que aprende”, o “aluno”. Como fomos professores durante 38 anos, muito nos honra termos deixado seguidores.   Nestas coisas do “jornalismo”, matéria em que Viseu está cheia de “grandes mestres” e onde somos meros e humildes aprendizes do digno mester, […]

  • 9:38 | Quinta-feira, 24 de Maio de 2018
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É sempre bom termos discípulos no entendimento de que discípulo é “aquele que aprende”, o “aluno”. Como fomos professores durante 38 anos, muito nos honra termos deixado seguidores.

 
Nestas coisas do “jornalismo”, matéria em que Viseu está cheia de “grandes mestres” e onde somos meros e humildes aprendizes do digno mester, com pouco mais de uma parca dezena de anos de actividade, e mais no domínio da “opinião” do que propriamente no âmbito da reportagem, que não renegamos… é muito gratificante percebermos até que ponto tornámos apetecíveis aos “vendilhões do templo” certos títulos, de que maneira fomos pioneiros em matéria digital, de que modo as nossas “notícias” são fonte de inspiração para os nossos fantásticos e persistentes seguidores.
Porém, às vezes, nem é preciso exagerar em excesso – e passe lá o dianho da tautologia – copiando parágrafos inteiros do que escrevemos para publicar em quotidianos locais, três dias depois da nossa publicação.
Porém, às vezes, nem ficaria mal colocar umas aspas ou um itálico nos parágrafos integralmente copiados.
Porém, às vezes, nem ficava feio escrever: “Parafraseando fulano…”, ou “citando a Rua Direita…”.
Contudo, enquanto docente que fomos e no entendimento de que “docente é aquele que dá”, e tendo tido em tão longa carreira alguns milhares de discentes, “aqueles que recebem”, é pacífico e até gratificante perceber que ao lado dos nossos “críticos” – que lhes doerá? – pontificam os nossos discípulos, que nos plagiam sem nos citar, erigindo-nos em “modelo”, comodista ou de comodidade, oportunista ou de oportunidade, na supina arte de escrever. Uma coisa é certa… assim não dão erros ortográficos.
Nota: Se precisarem de alguma coisinha estejam à vontade para pedir… opiniões, fotografias, um título, um período, três parágrafos ou quatro… Que a Rua Direita vos ilumine, que a luz não vos falte, que a humildade vos assista.
 
Em imagem o artigo publicado no Diário de Viseu de 23 de Maio. Em texto corrido, imagens retiradas, o artigo publicado pela Rua Direita, no dia 20 de Maio. O leitor, competente e crítico que diga de sua justiça…
Decorreu ontem, sábado de feira de “Barrelas”, dia 19 de Maio, neste mês simbólico para todos os aquilinianos – Aquilino Ribeiro faleceu às 12:30 do dia 27 de Maio de 1963 – o grande momento de fechamento de um primeiro ciclo de reedições da obra do Escritor, em íntima colaboração/cooperação entre a Bertrand Editora, pela mão sábia de Eduardo Boavida e os três municípios das Terras do Demo, Sernancelhe, onde Aquilino nasceu, no Carregal, às 13:00 do dia 13 de Setembro de 1885, Vila Nova de Paiva onde foi registado, na igreja da Nª Sª da Corredoura, nos Alhais, 2 meses depois, e Moimenta da Beira, sede do concelho onde, em Soutosa, viveu muito tempo de sua vida.
Se a autarquia sernancelhense reeditou em parceria com a Bertrand Editora – a livraria mais antiga do mundo – “Cinco Réis de Gente”, a moimentense deu ao prelo “O Homem da Nave – Serranos, Caçadores e Fauna Vária” e a paivense apresentou a reedição de “O Malhadinhas”, protagonizado pelo ficcionado António da Rocha Malhada, aqui nascido em 1830 e falecido a 23 de Março de 1914, de “bronquite crónica”, como consta do registo de seu óbito.
Estão de parabéns estes três autarcas, Carlos Silva Santiago, José Eduardo Ferreira e José Morgado, respectivamente, incansáveis protagonistas do legítimo ideário de manter viva esta “chama” de nome Aquilino.
O dia foi de sentida festa, com típico almoço numa tenda da Feira quinzenal, tão bem descrita na obra, acolhidos que fomos por José Morgado e José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Municipal.
De seguida, à porta do Auditório Municipal, uma estrondosa arruada dos Bombos de Pendilhe deu início ao evento que continuou com magníficas intervenções do Rancho Folclórico de Sernancelhe, numa coreografia rica e cuidada, etnograficamente minuciosa, capitaneado pelo vereador da Cultura daquele município, Armando Mateus.
Foram momentos deliciosos, no anfiteatro exterior em granito, que interagiram com o público presente que não negou o repto de ir à dança. Eduardo Boavida deu o mote e mostrou-nos quão competente bailarino sabe ser.
Entrados no Auditório, guiados pela incansável Graciete Salvador e fotografados sempre pela Ana Sofia Pires, que tem o crédito de todas estas imagens, aquela deu as boas-vindas em nome do Presidente, constituiu a Mesa e fez-se a apresentação, naquele digno espaço designado “Carlos Paredes”, perante mais de centena e meia de espectadores, vereadora da Cultura, Delfina Fonseca, presidentes de Junta, o ex-presidente Carlos Diogo Pires, o ex-governador Civil, Acácio Pinto, Bárbara Soares, Bertrand e restantes aquilinianos, alguns vindos até de Lisboa, como o advogado Carlos Silva.
Iniciou-se com a prelecção de Paulo Neto, director da revista literária “aquilino”, que podem ler na íntegra na Rua Direita, seguindo-se o neto do Escritor, Aquilino Machado, o director da Bertrand Editora, Eduardo Boavida, a docente da Universidade de Aveiro, Maria Eugénia Pereira e os presidentes das três autarquias, por esta ordem: Carlos Silva Santiago, José Eduardo Ferreira e o anfitrião, José Morgado. Estes três autarcas detentores da propriedade da FAR, Fundação Aquilino Ribeiro, em Soutosa, acentuaram com eloquência o denominador comum, que é a relevância de Aquilino para os três territórios, a importância de ler a sua obra, a imperiosidade da preservação do seu legado, imaterial e físico.
Ia a tarde a findar-se quando foi dada por encerrada a sessão, José Morgado convidou para a visita às exposições de algumas primeiras edições autografadas de Aquilino, de uma diacronia de sua vida e obra e das ilustrações de Bernardo Marques, que integraram a edição autónoma de 1946.
Seguiu-se um convival momento com uma merenda a preceito… beiroa.
O evento foi musicalmente animado por elementos da Orquestra Cem Notas e rigorosamente co-organizado por Graciete Salvador e Ana Sofia Pires. No som esteve Filipe Afonso.
Foi posto à venda o livro dado ao prelo, assinado por Aquilino Machado e, a Câmara Municipal editou um prato da Vista Alegre com imagem do Malhadinhas, do desenhador José Almeida.
Um compromisso por todos quantos poder decisório detêm foi tomado: a reedição conjunta, em 2019, das “Terras do Demo”, no ano em que se celebra o Centenário da sua aparição.
A chama não se apaga nestes aquilinianos… Esta é a lição final. A todos os três e à Bertrand Editora o bem-haja de quantos ao Mestre juraram fidelidade.
Nota final: no dia 10 de Junho, dia de Portugal e de Camões, a Bertrand Editora apresenta na Feira do Livro de Lisboa, a reedição, em formato “livro de bolso” de “Cinco Réis de Gente”. Estejam connosco presentes…
 
 


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