O Capitão América, os idosos e os idiotas

Os idosos são as maiores vítimas da pandemia que alastra pelo mundo. Em Portugal, maioritariamente nas IPSS’s financiadas pela Segurança Social, de norte a sul do país, a dizimação é devastadora.

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  • 22:25 | Quarta-feira, 08 de Abril de 2020
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“O sabor do vinho tornou-se venenoso, o sol já não tem o mesmo efeito abrasador e doce na nossa pele; pomos o pé com precaução no solo, desinfectamo-nos antes de dormir e ao acordar.”
“Um mundo sem idiotas é um mundo saturado de falsa dignidade.”

Bessa-Luís, A. “Dicionário Imperfeito” – Guimarães Editores.

 

Idoso, embora haja controvérsias, deriva do Latim aetas, “idade, era, época”… mas para mim, mais simplesmente, à luz do que hoje vemos, o idoso… é aquele que “está ido”


I

Os idosos são as maiores vítimas da pandemia que alastra pelo mundo. Em Portugal, maioritariamente nas IPSS’s financiadas pela Segurança Social, de norte a sul do país, a dizimação é devastadora.

Não sei porquê, mas talvez esperasse destas instituições uma maior preparação para as mais diversas contingências, incluindo planos internos para esse efeito, supervisionados e analisados em inspeções regulares dos técnicos da tutela. Inspecções que, naturalmente, terão sido levadas a cabo com a maior frequência e rigor.

II

Donald Trump, no seu “style Capitão América de plástico” demitiu em conferência de imprensa a sub-directora geral de Saúde que teve a hombridade de denunciar falta de condições no sector. Fê-lo de forma humilhante e achincalhadora. Como é aliás de seu timbre e tom.

Donald Trump demitiu o inspector-geral dos serviços americanos de inteligência (?) por ter recebido e encaminhado a denúncia que deu azo ao “impeachment”. Michael Atkinson, de seu nome, por ter cumprido o seu dever.

Donald Trump vai reduzir drasticamente a contribuição norte-americana à OMS (Organização Mundial de Saúde) por achar que é cúmplice da China no concernente ao Covid-19.

Nesta altura do surto, com eleições no horizonte, a chantagem tende a descupabilizá-lo perante a opinião pública da forma leviana, insensata e perigosa (são aos milhares as vítimas mortais) com que enfrentou o Coronavírus.

Na pátria da democracia (lol) estas tartufices são agora prática comum. A mensagem é simples: quem me afrontar vai à vidinha. A verdade é só uma, a minha e mais nenhuma, parece ser o seu slogan. Age como um bufão.

III

A reunião do Eurogrupo está num lastimável impasse.

Mário Centeno, o seu presidente, bem se tem empenhado em encontrar consensos e soluções. Ele que apresentou três linhas directrizes para aprovação imediata (fonte Lusa):

“Em primeiro lugar, uma rede de segurança para os trabalhadores. A Comissão propôs um programa de 100 mil milhões de euros para financiar regimes de proteção de emprego;

Em segundo lugar, uma rede de segurança para as empresas. O Banco Europeu de Investimento propôs uma garantia de 200 mil milhões de euros para apoiar as empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias empresas;

Criação de uma rede de segurança para os países. Centeno referiu-se ao papel do fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE ou ESM na sigla em inglês), que propôs linhas de crédito cautelares até 240 mil milhões de euros [2% do PIB de cada país do euro], para assegurar que todos têm os recursos adequados para responder”.

Pelos vistos e até agora foi em vão, por falta de consenso inter-pares.

Quando sair fumo branco da reunião dos ministros das finanças europeus estará a pandemia debelada, haverá provavelmente mais 50 mil mortos e 5 milhões de desempregados.
De seguida, fecha-se a porta e voltamos todos aos nacionalismos d’ antanho, ficando para memória futura “un petit comitė” composto pela Alemanha, Áustria, Finlândia e Holanda, que se designará por “Europa dos 4” ou, se este nome já estiver registado, um outro do género “das vierte reich”.

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