O boiar das pedras

Nesta onda vigorosa, tumultuosa de estatuária que nos últimos tempos tem chegado a Viseu, finalmente, o meu estimado S. Francisco, da Rua do Arco mereceu a atenção da Cultura camarária e foi alvo de uma limpeza. Tiraram-lhe o “estrume” em redor; a garrafa de água de Penacova que o teria dessedentado em tempos de Dom […]

  • 11:51 | Segunda-feira, 05 de Maio de 2014
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Nesta onda vigorosa, tumultuosa de estatuária que nos últimos tempos tem chegado a Viseu, finalmente, o meu estimado S. Francisco, da Rua do Arco mereceu a atenção da Cultura camarária e foi alvo de uma limpeza. Tiraram-lhe o “estrume” em redor; a garrafa de água de Penacova que o teria dessedentado em tempos de Dom Afonso V e sem grande cuidado, brio ou cautela, levaram-no ao “duche”. Lá ficou arrumadinho, no seu nicho, descentrado para a esquerda (tendências do funcionário que o asseou?) e… as pombas, nédias como velhos cónegos da abadia de Salzedas, que parece não terem apreciado a operação, devem ter pensado com suas penas: “Este tipo limpinho não é nosso S. Francisco” E vai daí já recomeçaram a dar-lhe a “patine” dos séculos. Brincadeira à parte, obrigado à Senhora Vereadora da Cultura por ter feito o que devia. Já lá pode colocar uma placa com o nome, como é de actual orientação superior…
Andava às espaldas da Cava do Viriato, muito intrigado com a relva que já me dava pelo joelho, com as ervas daninhas a invadirem o passadiço de topo, com a derrocada ali deixada ao Deus dará pela intempérie e má obra feita, quando fui abordado por um morador, cidadão dos seus 60 e tal anos que me pediu: “Tire umas fotografias e publique-as, pela sua saúde! Isto nunca esteve assim, ao abandono… Tem a Câmara 150 e tal jardineiros e foi preciso entregarem este serviço a uma empresa privada para chegarmos a este estado. Sabe, tínhamos tanto gosto em morar aqui…!”
Tomei nota e deambulei. Fiz fotografias e dei razão ao morador da Cava do Viriato. E percebi a arteirice da “tal empresa”: à frente para o olhar dos passantes, fizeram o serviço. Onde o olhar não alcança deixaram por fazer.
Afinal para que servem ou passam a servir os ditos 150 jardineiros da Câmara? O presidente anunciou a “cidade-jardim”; o milhão de euros que vai distribuir por empresas privadas para fazer jus ao “título”. Mas o jardim é só nas rotundas do “belga” Ruas? Junto à Ribeira encontra-se o mesmo desleixo… São moradores de 2ª? Porquê este afã em entregar os serviços públicos, que funcionavam bem, a empresas privadas que ainda não mostraram qualidade que justifique a empreitada? Política ultraliberal? E a seguir? Fazer como o Governo e começar a despedir os funcionários? Andem atentos. Nós andamos.
Como andamos atentos com a “Lusitânia”; com a nova “Associação Beira Amiga” – que já terá queixa no Ministério Público por parte da CDU – com o malabarismo das respostas dadas ao CDS/PP pelo Pom-Pom, perdão, isso é para os amigos, pelo dr. Nuno Nascimento que segue AH desde a imemorialidade dos tempos. Guarda a caixa dos segredos?
A ver vamos. É preciso dar-lhes tempo e perceber aquela “coisa da água e do azeite”…

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Publicado em Editorial