Novo Banco de surpresa em surpresa

Esta semana que passou veio à ribalta trazida pelo jornal “Público” a venda ocorrida em Outubro passado de uma seguradora do NB, a GNB Vida. Esta venda terá sido efectuada com um desconto de 70% face ao inscrito no valor contabilístico declarado no balanço de 30 de Junho de 2019, à empresa Apax Partners, gerida pelo milionário Greg Lindberg, que enfrenta uma condenação por corrupção e fraude fiscal nos EUA, pela qual pode vir a ser condenado a 20 anos de prisão.

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  • 16:28 | Terça-feira, 11 de Agosto de 2020
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Há surpresas muito positivas e com elas todos ficamos muito satisfeitos. Mas são raras. Habituais tornaram-se as negativas e oriundas da banca portuguesa, em geral, com casos verdadeiramente alarmantes na equivocidade dos seus contornos.

O Novo (?) Banco não tem deixado de nos surpreender desde que foi vendido a um fundo gestor de insolvências norte-americano chamado Lone Star.

Já muita tinta correu sobre este “negócio da China” e há-de continuar a correr pela “sangria desatada” que se tem visto na necessidade recorrente de mais centenas de milhões de euros através de um contrato muito confidencial, com cláusulas eventualmente leoninas de salvaguarda do comprador, cronicamente activadas pela sua leal e cumpridora administração.


Esta semana que passou veio à ribalta trazida pelo jornal “Público” a venda ocorrida em Outubro passado de uma seguradora do NB, a GNB Vida. Esta venda terá sido efectuada com um desconto de 70% face ao inscrito no valor contabilístico declarado no balanço de 30 de Junho de 2019, à empresa Apax Partners, gerida pelo milionário Greg Lindberg, que enfrenta uma condenação por corrupção e fraude fiscal nos EUA, pela qual pode vir a ser condenado a 20 anos de prisão.

Esta venda terá carreado uma perda de 268,2 milhões de euros compensados pelo Fundo de Resolução, que a administração do NB se apressou a reclamar.

Neste negócio estará também Paulo Ramos Vasconcelos que foi CEO da GNB Vida bem como António Ramalho e Byron Haynes, administradores do Novo Banco. A Gama Life foi alienada por 123 milhões de euros quando o valor contabilístico era de 391,2 milhões, tendo o valor de 620,48 milhões de euros nas contas de 2016 como custo de aquisição.

Contudo, em Setembro de 2018 Ramalho deu conhecimento ao mercado de que a GNB Vida havia sido vendida por 190 milhões à Bankers Insurance Holdings, de Lindberg.

Entretanto este preço baixou para 123 milhões, num estranho ajustamento injustificado e “em contraste significativo com a valorização bolsista’ dos ativos”, segundo o “Público”.

Recordemos que uns dias antes, o Novo Banco tinha vendido 200 imóveis a um fundo anónimo sedeado num paraíso fiscal, com um desconto de 328 milhões de euros.

Lembremos ainda que o BdP por mãos do ex-governador Carlos Costa pediu à Deloitte uma auditoria especial aos actos de gestão do BES/Novo Banco, que deveria estar concluída e entregue em final do passado mês de Julho, segundo garantiu o primeiro-ministro António Costa. O que não aconteceu. Vá-se lá saber porquê. Fala-se agora em final de Agosto. Faltam 20 dias, vamos esperar com paciência… e tolerância.

 

(Foto de capa Greg Lindberg – DR)

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