"Mãe, sou ministro!!!"

    Ontem, pelo cair da tarde, em amena cavaqueira com amigos, calhou a vez (tema tão importante quanto a vitória do Académico) de abordar a lista dos candidatos a deputado pelo distrito de Viseu. Dizia o Zé Silva –“Nunca vi tanta mediocridade junta!“. Acrescentava o Manel Lopes — “Foram escolhidos a dedo e pela […]

  • 21:24 | Domingo, 11 de Outubro de 2015
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Ontem, pelo cair da tarde, em amena cavaqueira com amigos, calhou a vez (tema tão importante quanto a vitória do Académico) de abordar a lista dos candidatos a deputado pelo distrito de Viseu.
Dizia o Zé Silva –“Nunca vi tanta mediocridade junta!“.
Acrescentava o Manel Lopes — “Foram escolhidos a dedo e pela bitola baixa…“.
Rematava o Tó Pantera — “Parece que afinaram pelo rebotalho.”
Calado, o Zacarias, envolto na fumarada aromática do seu cohiba de sábado, ia acenando com a cabeça, verticalmente, numa tácita anuência com os restante compadres.
E lá lhe saiu — “Pois, mas votámos neles. Ou não?
Caiu um silêncio pesado, quase feito de culpa e remorso…
O João Pereira, bebido até ao fim o café da chávena, deu um estalido apreciador com a língua e quase sussurrou — “Pois serão medíocres, escolhidos pela bitola baixa, votámos neles ou em branco, mas o certo, certo, é que lá estão. Se conseguiram, têm mérito, pois são 100 cães ao osso!”
 
Esta teoria constrangeu-me um pouco, a mim que nem opinei. E pensei para os botões, de facto há gentinha que só tem na vida um objectivo, o de entrar para a política partidária activa, não por missão pátria, mas porque é aí o alcoite da oportunidade, o sinal do sucesso e o elevador do poder.
Muita dela, gentinha que nunca deu mostras profissionais de qualidade em nada, em geral uma malta sôfrega e até desempregada, materialmente muito carente e, legitimamente sonhadora com uma vida melhor.
A vida melhor, onde ninguém ganha calos de enxada, se colhem mordomias plurais, se roçam de passagem com os mediáticos do efémero momento e, se tiverem um lugarzinho à frente, com sorte, até aparecem na tv com um ar inteligente.
Há-os mesmo que, de legislatura em legislatura nunca abrem a boca, desconhece-se-lhes uma mínima intervenção… levantam o braço e, sempre, aplaudem o chefe e, às vezes, pateiam o adversário. Ou seja, com três orgãos resolvem o assunto e justificam o chorudinho salário: um rabo para se sentarem, um braço para votarem e um pé para criticarem.
 
Mas o João tem razão… eles estão lá. Foi com aquilo que sonharam… Parlamentares de cartão de visita com o escudo de Portugal, no seu ofício de corpo presente, entremeado com umas comissões sáfaras e tão bizantinas que anos após, muitos deles ainda nem adregaram a saber qual era a ordem de trabalhos.
Pai, sou deputado(a)!!!

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Publicado em Editorial