“Legítima defesa ante uma justiça injusta”, justificação do banqueiro em fuga

Ademais, com o seu clima agradável, são paraísos que permitem um “exílio” dourado, com muita praia, deliciosos pitéus gastronómicos e muita “sauna & massagem”, para manter o corpo são e a mente activa.

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  • 12:38 | Quarta-feira, 29 de Setembro de 2021
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O banqueiro do BPP, João Rendeiro, que deveria começar a cumprir no dia 1 de Outubro a sentença de prisão efectiva à qual fora condenado, ausentou-se para o estrangeiro, Inglaterra, tendo para tal requerido autorização à Justiça portuguesa, a qual, talvez candidamente, não viu motivos para a indeferir.

No seu blogue “Arma Crítica”, num post datado de 28 de Setembro, Rendeiro é claro “Desta feita não tenciono regressar” e em sua defesa acrescenta “Sinto-me injustiçado pela justiça do meu país”, acrescentando acerca da pena a que fora condenado “É uma pena manifestamente desproporcionada, em que verifiquei ter sido condenado em função de um critério dito de prevenção criminal geral por virtude dos escândalos bancários que não se verificavam à data dos factos e não poderiam retroagir contra mim. Tornei-me bode expiatório de uma vontade de punir os que, afinal, não foram punidos” aduzindo severas críticas à Justiça que acusa de falta de critérios, argumentando ter sido “humilhado por uma campanha populista de intoxicação da opinião pública e de pressão sobre a justiça”.

 


 

E remata o seu texto referindo “Neste contexto, a minha ausência é ato de legítima defesa contra uma justiça injusta. Assumo a responsabilidade no quadro dos atos bancários que pratiquei, mas não me sujeito, sem resistência, a esta violência. Recorrerei às instâncias internacionais, pois há um Direito acima do que em Portugal se considera como sendo o Direito. Lutarei pela minha liberdade para o poder fazer.”

Perante tal, João Rendeiro que tinha sido condenado na passada terça-feira a prisão efectiva num outro processo por burla qualificada, decidiu a sua “fuite en avant”, saindo de Inglaterra para destino incerto.

Decerto para um país que não esteja obrigado à extradição e fora do espaço Schengen e aí, Rendeiro tem muito por onde escolher, pois são 191 os territórios com os quais o nosso país não tem quaisquer acordos de extradição, situados maioritariamente nas ilhas do Índico e do Pacífico e em países como, por exemplo o Belize, os Camarões, o Suriname e a Indonésia.

Ademais, com o seu clima agradável, são paraísos que permitem um “exílio” dourado, com muita praia, deliciosos pitéus gastronómicos e muita “sauna & massagem”, para manter o corpo são e a mente activa.

Em síntese, recordemos que Rendeiro, que fora esta terça feira condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva, por burla de um membro do corpo diplomático, já tinha outras duas condenações anteriores, com punição de cinco anos e oito meses por omissão da situação financeira do BPP e mais dez anos por alegado desvio de 13,6 milhões de euros para benefício pessoal. O que perfaz um cúmulo de dezanove anos e quatro meses. É muito tempo…

 

 

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