João de Araújo Correia e Aquilino Ribeiro

Remata assim, premonitório e assertivo: “Aquilino vai ser tema de muito estudo e muita controvérsia, o que será sinal de imortalidade. Haverá quem o incense e quem o atribule para que subsista a essência da sua obra.”

  • 17:44 | Sábado, 19 de Junho de 2021
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A Régua deu-nos gente graúda de pensamento, de letras, de negócios, de aventuras…

O médico João de Araújo Correia foi um dos maiores escritores durienses do século XX.

Nascido em Canelas do Douro em 1899, faleceu no Peso da Régua em 1985. Exerceu medicina durante décadas aldeias afora do Douro. Contista notável, deixou-nos um quarteirão de obras que o imortalizaram como escritor.


 

 

Foi amigo de outro grande mestre das Letras, Aquilino Ribeiro, dele coetâneo (1885/1963) que, numa homenagem em 1960 prestada a João de Araújo Correia proferiu entre outras estas palavras:

“Não é o mestre da Régua, como se dizia da pintura, no obscuro século de Quinhentos, o mestre de Ferreirim ou de Linhares. Mas o mestre de nós todos, que andamos há cinquenta anos a lavrar nesta ingrata e ímproba seara branca do papel almaço, e somos velhos, gloriosos ou ingloriosos, pouco importa; mestre dos que vieram no intermezo da arte literária com três dimensões para a arte literária sem gramática, sem sintaxe, sem bom senso, sem pés nem cabeça; e mestre para aqueles que terão de libertar-se da acrobacia insustentável e queiram construir obra séria e duradoura.”

O respeito mútuo manteve-se até ao dia final.

Chegou-nos às mãos por gentileza da Mónica Coutinho (via Tertúlia João Araújo Correia) uma missiva sentida deste para o comum amigo e companheiro de muita jornada, Manuel Mendes, também ele homem de Letras, a dar conta de quanto o falecimento de Aquilino (27 de Maio de 1963, em Lisboa) o perturbara e constrangera. Uma “tragédia obscura”… Remata assim, premonitório e assertivo: “Aquilino vai ser tema de muito estudo e muita controvérsia, o que será sinal de imortalidade. Haverá quem o incense e quem o atribule para que subsista a essência da sua obra.”

 

Tive oportunidade de escrever sobre ambos na revista de literatura da Universidade de Aveiro, “forma breve”, nº 1, Centro de Línguas e Culturas, 2003. Tive oportunidade de falar sobre ambos num colóquio organizado pela incansável Helena Gil, da Tertúlia JAC, em Mesão Frio, se a memória não me falha.

Estes dois homens, na sua genialidade literária, tornaram-se património nacional e são hoje merecedores da maior das homenagens, que o mesmo é dizer, recorrente leitura do seu legado… das suas obras.

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