FMI & BCE JAMAIS!

“A História ensina-nos que os povos e os governos nunca aprenderam nada com ela.”, Hegel .   6ª feira dia 30 de Janeiro. Dijsselbloem foi a Atenas reunir com Varoufakis. O ministro das Finanças, informalmente vestido, chegou de moto. Na sua potente moto 1.300cc. Não numa Vespa 50 como o português Mota-qualquer-coisa. A reunião não correu bem. […]

  • 13:28 | Sábado, 31 de Janeiro de 2015
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A História ensina-nos que os povos e os governos nunca aprenderam nada com ela.”, Hegel .
 
6ª feira dia 30 de Janeiro. Dijsselbloem foi a Atenas reunir com Varoufakis.
O ministro das Finanças, informalmente vestido, chegou de moto. Na sua potente moto 1.300cc. Não numa Vespa 50 como o português Mota-qualquer-coisa.
A reunião não correu bem. Para quem? O presidente do Eurogrupo não escondia a crescente tensão e azia. Ao fim, Varoufakis diz querer uma “negociação construtiva” com a Europa. Mas acrescenta: “Não vamos aceitar uma crise que se auto perpetue”. Por seu turno, Dijsselbloem, nuancé, diz ter havido “uma conversa construtiva”, mas pede que Varoufakis “clarifique a posição da Grécia” sustentando que as “decisões unilaterais não são a melhor via”. Embora a unilateralidade tenha sido até ao presente o timbre do Eurogrupo… e apenas agora, cantem loas à bilateralidade relacional.
Porém, à saída, e como bem visível evidência do insucesso do encontro, mal se despediram, estendendo a mão um ao outro quase de costas voltadas e em movimento…
Entretanto e ao que sabe, Varoufakis vai fazer um périplo por Londres, Paris e Roma deixando de fora e para já Bruxelas e Berlim. Agendando na primeira capital uma ida à city para dialogar com os banqueiros.
Em simultâneo, o gaulês Valls está na China e vai afirmando aos preocupados investidores:
Greece will remain, must remain in the eurozone. The new Greece PM has said, it cannot be any other way. We must help Greece out of the crisis she faces. But at same time, Greece must respecyt its commitments, that is how the European Union works.”
É curioso… todos falam em nome da Grécia enviando recados enviesados. A coisa está minotauriana…
Schäuble, por seu lado, reitera e volta a reiterar a disponibilidade de a Alemanha entabular conversações com o novo governo grego, falando a uma só voz, pois parece nada lhe ter sido pedido. E ao que parece ainda não houve eco ao seu repto … “Precisamos de solidariedade na Europa, mas não admitiremos chantagens”, diz o ministro alemão. Pelos vistos, este falar grosso, não tirou o sono a Tsiras… embora conste, que de susto, caiu uma coluna jónica na Acrópole.
A Rússia assiste impávida e serena. A China, inescrutável, também se mostra disponível. A Grécia tornou-se fiel de balança entre o leste e o oeste… Posição assaz interessante. Axiomática, diríamos mesmo.
Na toada de galope, Varoufakis enfatiza ao NY Times que a Grécia não quer receber os 7 mil milhões de euros da tranche final. Pretende sim “to restructure the debt and the economy to get the money we need ”. Ou seja: não ao dinheiro, sim à reestruturação
Se os credores impõem um saldo primário positivo igual a 4,5% do PIB, a Grécia pretende reduzir esse valor para 1,5% do PIB, recusando a entrada aos homens da troika e do FMI
VAROUFAKIS: GREECE WILL WORK WITH EU INSTITUTIONS, NOT TROIKA
Não considera interlocutores legítimos, os homens da troika e só aceita negociar com interlocutores legítimos. Atitude sem precedentes, convenhamos… Pela nossa parte, sabemos quem não são (BCE & FMI), mas ignoramos quem sejam, talvez as legítimas instituições europeias sem tutelas daqueles… Quais, afinal?
Na reunião de ontem, Dijjsselbloem fez o seu trabalho: deixar o recado que “é importante não desperdiçar o trabalho feito para recolocar a Grécia no bom caminho” e contrariar qualquer mega conferência europeia da dívida frisando “Essa conferência já existe e é o Eurogrupo”. Também não se esperava que dissesse o contrário.
Varoufakis virou-lhe costas…
Na Dinamarca, entretanto, os analistas resumem assim o momento:
Este é o ponto ABC = Atenas, Berlim, Colisão e acrescentam “É muito triste que a zona euro se tenha tornado na cauda do cão que abana…” E efectivamente, o estado da “cauda que abana” foi onde Monsieur Barrosô a levou.
Schulz teme o “contágio político”, ou seja, que outros países tais como a Espanha, Portugal, a França e a Itália sigam este trilho… E se seguirem?
No Guardian, a jornalista Helen Smith escrevia:
Send off for Joren Dijsselbloem ended with incredible stand-off as Yharoufakis socked him over the troika. The Dutchman looked enraged, bending forward to whisper something in Yaroufakis’ear to which the GFM did not respond
De concreto e à laia de súmula, parece que a Grécia não inverterá o rumo e mostra-se disposta a interditar qualquer intervenção. Será o princípio do fim da “oligarquia europeia” ou um bluff monumental, prestes a esboroar-se?
Atenas só parece querer uma coisa: “Um novo acordo com a Europa”. E a Europa, essa que foi amada por Zeus está desejosíssima de o fazer. Se recordarmos a mitologia, Zeus transformado em touro chegou-se junto a Europa que brincava na praia de Sídon. Esta, primeiro assustou-se, depois acariciou o animal e cavalgou-o. Zeus foge levando-a para Creta, onde junto a uma fonte, em Cortina, tão improvável amor foi consumado…
Porém, se a Europa ceder abre um grave precedente que poderá ser invocado por todos os outros PM’s europeus. Pelo menos, por aqueles que têm a hombridade de responder perante os seus eleitores e não perante os mercados…
Com FMI & BCE JAMAIS”… E agora?
 
(fotos DR)
 
 

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