Estranhos tempos…

    Há no ar uma inconstância, uma volubilidade, uma ligeireza que serve de calçadeira para todo o pé. De um dia para o outro imensas coisas se alteram fruto dos comportamentos humanos e da natureza que conferem ao dia-a-dia um cunho contínuo de renovada surpresa. As rotinas de outrora, tão duradoiras e por vezes […]

  • 10:20 | Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015
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Há no ar uma inconstância, uma volubilidade, uma ligeireza que serve de calçadeira para todo o pé.
De um dia para o outro imensas coisas se alteram fruto dos comportamentos humanos e da natureza que conferem ao dia-a-dia um cunho contínuo de renovada surpresa.
As rotinas de outrora, tão duradoiras e por vezes tão confortáveis factores de equilíbrio tornaram-se de uma efemeridade tão grande, que já são mais surpresas que constâncias.
Deitamo-nos com uma certeza pela qual juraríamos e vestiríamos a camisola clubística e acordamos de tronco nu.
Estas flutuações são sinais dos tempos, sinais da agitação vivencial, da pressão que nos enche a todos diariamente, dos mal-entendidos e qui pro quo confortavelmente aceites como certezas inabaláveis, da falta de respeito pelo outro, da crescente individualidade da acção mas, fundamentalmente da mutabilidade, essa mudança vertiginosamente acelerada que nos colhe a todos de surpresa como um TGV a voar nos carris.
O nosso estimado colaborador José Carreira escreveu a sua crónica de hoje acerca da nomeação pela revista Time da chanceler Angela Merkel como personalidade do ano. Respeitosa e democraticamente dou-me ao direito de discordar dele por motivos vários que não são aqui chamados. Chamo apenas este assunto para dele transcrever um parágrafo:
“No pódio, a senhora alemã ficou mal ladeada. As duas personagens que ficaram em terceiro e segundo lugar são pouco ou nada recomendáveis: o candidato à Casa Branca Donald Trump (contra a imigração e a presença de muçulmanos nos EUA) e o terrorista Abu Bakr al-Baghdadi (líder do Daesh, movimento terrorista também conhecido por ISIS, ou ainda auto-proclamado Estado Islâmico).”
Talvez este parágrafo configure e consubstancie alguma coisa do que escrevi acima. Ou não. Contudo, na minha óptica, independentemente dos critérios, este trio, encarado de forma maniqueísta… é unilateral. Só tem o lado mau.
Mas o mundo não é por eles dominado?

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