Ele há calvários… e a EN229 é um deles

  Por motivos diversos e que aqui não são chamados, nestes meses de Abril e ainda incompleto Maio fui dezasseis vezes a Sernancelhe, viagem que porfiadamente faço com o maior gosto. Porém… Aquela EN229 não se coaduna com os tempos de hoje. Não me refiro ao piso, o qual salvo pontuais locais relativamente degradados se […]

  • 23:07 | Segunda-feira, 16 de Maio de 2016
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Por motivos diversos e que aqui não são chamados, nestes meses de Abril e ainda incompleto Maio fui dezasseis vezes a Sernancelhe, viagem que porfiadamente faço com o maior gosto. Porém…
Aquela EN229 não se coaduna com os tempos de hoje. Não me refiro ao piso, o qual salvo pontuais locais relativamente degradados se encontra em bom estado, refiro-me sim à total inadequação daquele traçado às exigências de um forte fluxo rodoviário quotidiano.
Claro que a isso não é alheio o facto de o Sátão se ter tornado um dormitório de Viseu pela diferença de preços praticados na habitação, desde a passada década de 80. Mas também não é indiferente, até esta localidade, a via servir para quem se desvia para Vila Nova de Paiva e segue em direcção a Aguiar da Beira, Sernancelhe, Penedono… A passagem por várias localidades é geradora de bastante perigosidade, há consequentes limitações de velocidade para os 50 quilómetros horários, rotundas – mais eficazes e fluidificantes que os irritantes semáforos – e raros locais de ultrapassagem.
Por isso e por mais que isso, estes primeiros 20 quilómetros entre Viseu e o Sátão, se tivermos a pouca sorte de apanhar um TIR carregado e nos raros possíveis lugares de ultrapassagem apanharmos trânsito em sentido contrário, podem levar a percorrer 45 minutos. Um pouco menos que no tempo das diligências  e da Maria Cachucha…
Em boa verdade, diz o povo, “devagar se vai ao longe”. Porém, inibições deste tipo só quase são igualadas com as constantes “verificações ordenadas pelo xerife” de Aguiar da Beira, que talvez para mostrar obra feita, nos fiscaliza a toda a hora, para saber se levamos o triângulo, o colete, o livrete ou…
de cujus parece ter uma sanha persecutória qualquer a nível de inconsciente, como já uma vez aqui referimos, a respeito de ordens internas que tinham a ver com o número de autuações e respectivas folgas. Estranho mesmo é que, pertencendo o dito ao grupo territorial da Guarda, comandado por oficial de quem guardo a melhor memória, isso lhe seja permitido. Adiante…
Sei que o poder local se esforçou para resolver esta anacronia viária. Contudo, sucedem-se os governos e o estado das coisas mantém-se inalterado, apenas gerando desespero nos seus utentes, por vezes propiciador de alguma manobra mais perigosa ou de uma transgressão de velocidade de, por exemplo 10 ou 20 quilómetros por hora. Uma vertigem…
Mas isso já é outra conversa e tem a ver com a “pedagogia” das forças policiais – na qual muito gostávamos de acreditar, assim como na sementeira de radares mais ou menos bem camuflados, que e decerto só têm um objectivo: salvar vidas humanas fazendo a profilaxia dos acidentes… nunca ousando pensar que servem também para atafulhar os cofres do erário.
Certo é que nas estradas de Portugal a sinistralidade é elevada, mas mais do que com radares, ela combate-se com adequadas e modernas vias de comunicação, menos portagens, sinalização vertical e horizontal coerente e decente, bons pisos e uma educação/revolução a nível cultural e de mentalidades.
Reprimir, só por si, é um modo de educação/actuação com um século de desactualização.

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