Duas breves notas: o Novo Banco e o Sobrado

A falar grosso aparece também o braço direito (ou será também esquerdo?) do presidente, o vereador Sobrado, o estranhamente plenipotenciado corifeu da Cultura, do Turismo, da Viseu Marca e sabe-se lá de que mais.

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  • 14:31 | Quinta-feira, 30 de Julho de 2020
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A primeira nota sendo de absoluta perplexidade pelo que veio a lume sobre o Novo Banco e a alienação de milhares de bens imobiliários.

Como se sabe e muita polémica já deu, o Fundo de Resolução (2012) tem vindo a cobrir as perdas de centenas de milhões de euros apresentadas pelo Novo Banco e mais cobrirá sempre que as contas dele carecerem.

Entretanto, de controvérsia em polémica, a administração vende o chamado “Portfólio Viriato” composto por 5.552 imóveis e por 8.719 fracções, a um fundo de investimento anónimo sediado no paraíso fiscal das Ilhas Caimão. Estes imóveis que para o NB valiam 631 milhões de euros foram alienados por 364 milhões. De seguida o NB requereu ao Fundo de Resolução a cobertura das perdas tidas no negócio, aproximadamente 260 milhões de euros, naquele que foi considerado, segundo o jornal “Público” “o maior negócio imobiliário dos últimos anos em Portugal e o segundo maior realizado na Península Ibérica.”


Mais, foi o NB que financiou este negócio ao tal fundo anónimo, que nada nele terá arriscado, pois se o dito fundo ou “hedge fund” nada vendesse do que comprou em “saldo”, o dono das hipotecas continuaria a ser o vendedor, ou seja, o NB.

Negócios assim, tão confortavelmente almofadados, até eu…

Claro que para o luminoso e eficaz administrador António Ramalho, que ninguém controla e aos constantes pedidos de dinheiro que faz para cobrir resultados negativos da sua gestão, é tudo normal e transparente e “a concessão de crédito às entidades compradoras é uma prática internacional de mercado”.

Este comportamento não deveria ser cabalmente dilucidado e claramente explicado a todos os portugueses?

O que diz Centeno, o novo governador do BdP sobre esta ambígua matéria? O que diz o Governo? O que dizem os parlamentares da Assembleia da República?

Provavelmente, que tudo tem a limpidez da água da fonte e que António Ramalho deverá ser condecorado com pesada comenda no próximo Dia da Raça…

 

A segunda nota é sobre o vídeo da última reunião do executivo camarário viseense, postado na página do município.

De Almeida Henriques já se falou amiúde da arrogância e pouco respeito democrático pela oposição. Eles que se defendam e ajam na defesa dos seus direitos, aproveitando a sede própria para, sem intimidações, olhos nos olhos, lhe dizerem o que sobre a matéria lhes aprouver.

Esta crescente arrogância, traduzida num eventual cinismo argumentativo, tem vindo a acumular-se ao mesmo tempo que o evidente desgaste provocado pelos quase 7 anos de improfícua gestão camarária se torna gradualmente mais notório.

A falar grosso aparece também o braço direito (ou será também esquerdo?) do presidente, o vereador Sobrado, o estranhamente plenipotenciado corifeu da Cultura, do Turismo, da Viseu Marca e sabe-se lá de que mais.

Um dia chegará em que os sucessores, se não forem acólitos coniventes dos sucedidos, num acto de inequívoca transparência, dirão aos viseenses quanto custou este Sobrado ao erário público e quais as justificações em obra feita dos milhões despendidos.

Até aqui, pois que fale francês (ou latim em frases feitas do google) e toque piano como o gato maltês… para grande deslumbramento e inebriamento de seus pares e dos munícipes, aqueles que ainda veem nela o iluminado periférico da Ribeira.

 

(Foto DR)

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