Deutsch Betrug (ou fraude alemã)

O pesadelo do grupo VW vai no adro… Em Portugal, a grande preocupação reside na forma como o escândalo vai afectar a Auto-Europa e o seu enorme universo de trabalhadores. Pires de Lima, o inenarrável ministro da Economia, já descansou os portugueses, “não há kit fraudulento” em Portugal. Bom era que ele tivesse alguma credibilidade… […]

  • 10:33 | Domingo, 27 de Setembro de 2015
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O pesadelo do grupo VW vai no adro…
Em Portugal, a grande preocupação reside na forma como o escândalo vai afectar a Auto-Europa e o seu enorme universo de trabalhadores. Pires de Lima, o inenarrável ministro da Economia, já descansou os portugueses, “não há kit fraudulento” em Portugal. Bom era que ele tivesse alguma credibilidade…
O deutsch CEO do grupo, Martin Winterkorn já se demitiu, levando um prémio de 60 milhões de euros como penitência e fazendo actos de contrição que começam assim : “lamento ter quebrado a confiança dos nossos clientes.” Pois… os clientes também…
Para já o cenário, cujos contornos se ignoram na totalidade, ditaram as seguintes consequências:
A Suíça proibiu a venda de carros a gasóleo do grupo VW. Estamos a falar da Seat, da Skoda, da Audi…
Em Espanha, surgido o grupo dos “lesados VW”, Rajoy exige a devolução dos vários apoios concedidos à Seat para apoio à compra de veículos produtores de baixas emissões.
Nos EUA foi proíbida a venda dos diesel TDI, 4 cilindros, novos e usados. Vão reconvertê-los, destruí-los ou dá-los?
Entretanto a UE impõe “tolerância zero” à VW exigindo o mesmo a todos os Estados membros e face aos veículos do grupo equipados com essa “deficiência”.
A nipónica Suzuki correu a vender o 1,5% da participação que detinha no grupo VW no momento em que as acções caem a pique na bolsa de Frankfurt, descendo já 20% quando a VW fala em 11 milhões de veículos “dopados”.
Ainda não se sabe exactamente — ou não se revela — qual o número de veículos equipados com o kit fraudulento que altera as emissões quando o carro está em condição real de condução ou de teste de homologação.
Em Espanha serão 200 mil. Na Alemanha serão 3 milhões os VW com emissões falseadas. Na França mais de 1 milhão. Nos EUA mais de meio milhão. Claro… em Portugal ninguém sabe, imagina ou quer imaginar ou saber. Há-de existir uma entidade reguladora da “coisa”, mas que estará ainda de férias nas Caraíbas.
Corrido o Martin-CEO vem o cérebro da Porsche, Mathias Mueller para o seu lugar. Conseguirá limpar a enxurrada de trampa feita pelo seu antecessor?
E porém, o caso não pára aqui pois há suspeitas de que outras marcas terão feito o mesmo e vão começar a ser investigadas nos EUA e na UE.
 
Moral da história
A indústria automóvel, em geral e por mãos de alguns dos seus principais líderes alemães fizeram tábua rasa dos princípios impostos pelos respectivos países subscritores do acordo de Kyoto à emissão de gases para a atmosfera.
Para tal, usaram software “marado”.
Logo, não estão preocupados com a ecologia nem com a sustentabilidade futura do planeta, mas sim com o aumento diário dos seus gigantescos lucros e proveitos.
A VW é um dos maiores gigantes da Alemanha, senão o maior.
A Alemanha tem sido implacável no julgamento dos outros e nas más práticas de gestão, como foi o caso dos gregos.
Onde está hoje Schaüble?
Afinal, os gregos, em matéria de aldrabice, parece terem muito, muito, muito a aprender com os mestres teutónicos…
Estará a orgulhosa Europa do Norte, afinal, construída sobre uma enorme fraude?
Sem avaliar a floresta por alguns pinheiros, em matéria de fraudes, corrupção e ariana altivez, parece que a Europa do Sul é afinal um cândido grupo de “meninos de coro”, com muito mais decoro que os descarados europeus do Norte.
Definitivamente, Madame de Stäel, enganou-se em “Sur l’Allemagne“…!

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Publicado em Editorial