A impostocracia

  Coelho&Portas arrecadaram 900 milhões de impostos com a sua máquina tributária. Se por um lado este resultado esmagador é fruto louvável de uma caça implacável àqueles que cronicamente e desde sempre a eles fugiram, por outro lado é fruto diabólico da extorsão despudorada ao povo português, com o crescente aumento da carga tributária em […]

  • 13:44 | Quarta-feira, 07 de Janeiro de 2015
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Coelho&Portas arrecadaram 900 milhões de impostos com a sua máquina tributária.
Se por um lado este resultado esmagador é fruto louvável de uma caça implacável àqueles que cronicamente e desde sempre a eles fugiram, por outro lado é fruto diabólico da extorsão despudorada ao povo português, com o crescente aumento da carga tributária em “tudo o que respira e mexe”.
Lamentavelmente, Coelho&Portas mostram uma atitude subserviente com as macro fortunas, com os offshores, com a deslocalização para paraísos fiscais, etc. E se recordarmos que um dos paraísos fiscais internacionais está em território lusitano — a “pérola do Atlântico — percebemos que há dois pesos e três medidas.
Ademais, políticos/empresários e políticos/banqueiros e banqueiros/políticos têm sido alvo de perdões fiscais escandalosos e imorais.
Daí a percebermos que há mais cobardia generalizada e acutilante do que coragem efectiva nos seus actos vai um mero passo.
Enquanto a Autoridade Tributária for, por mero exemplo, cobradora “desenhorada” de empresas privadas como a Ascendi, com atitudes anedoticamente rocambolescas se não não fossem autocraticamente ilegais, a amoralidade de acção/acto é conjecturalmente admissível.
Além disso, com um povo garrotado com impostos não se vislumbram no horizonte quaisquer indícios de uma ténue melhoria da qualidade de vida dos portugueses. Pelo contrário é crescente o empobrecimento de milhões em troco do enriquecimento de milhares.
Ainda assim um facto é previsível: Coelho&Portas já arrecadaram quanto necessitavam para a campanha eleitoral de Outubro. Ou seja, durante dois ou três meses cair-nos-á em cima um ilusório forrobodó fiscal, para logo a seguir, se formos na astuta labieta destes carrascos usurários, nos tombar de novo a guilhotina no pescoço.
Palavras para quê? É a ferocidade ávido/cúpida do neo-liberalismo capitalista de fauces escancaradas a vender um país e a escravizar um povo aos mercados, que são os verdadeiros amos e senhores desta gentalha.
Vamos ver o que dão as eleições gregas deste fim de mês. Se o Syriza triunfar e este triunfo se alastrar a mais meia dúzia de países integradores da UE, talvez esta repense a sua política tão amestrada e paulatinamente seguida pelo servil Barroso e comece a lembrar-se de que para lá dos mercados financeiros e das economias de mercado de meia dúzia, há milhões de novos-pobres na Europa que já nada têm a perder e muito capazes, quando da sua força se consciencializarem, de levar todas as merkels à sua frente. Apesar de tudo, talvez a História se repita, como aconteceu em 1918 e em 1945… passe a hipérbole da analogia.
E depois não digam que o Brecht não avisou: “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Ninguém diz violentas as margens que o comprimem…”
 
PS: Talvez seja por tudo isto que o ministério das Finanças propôs ontem aumentos salariais para os seus técnicos superiores; talvez seja por tudo isto que a dívida pública não cessa de aumentar, estando já nos 131,4% do PIB, revelando o inequívoco “milagre financeiro” de Coelho&Portas; e finalmente, talvez seja por tudo isto, que os doentes que recorrem às urgências começam a morrer, nos corredores, sem mesmo saírem das macas…
Este país também não é para doentes, pois não?
Nem para idosos, pois não?
Nem para jovens, pois não?
Nem para quem trabalha, pois não?
Nem para os reformados, pois não?
Nem para a classe média de novos-pobres, pois não?
Afinal para quem é este país?
Para políticos, banqueiros, administradores de empresas e… etc.
A corja!

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Publicado em Editorial